É provável que alguns espectadores vejam este retrato de Pablo Neruda (1904-1973), assinado pelo chileno Pablo Larraín, como uma nova derivação do seu gosto biográfico patente em Jackie, o filme com Natalie Portman sobre Jacqueline Kennedy.
Na verdade, Neruda é anterior, tendo sido revelado o ano passado, em Cannes.
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Tal como em Jackie, o impulso biográfico surge condensado em alguns eventos muito particulares: seguimos a atividade política do poeta (Luis Gnecco) a partir da vigilância de um inspector da polícia (Gael García Bernal) que, com uma surpresa de algum modo partilhada com o espectador, descobre em Neruda as marcas de uma sensibilidade nacional que não é de todo estranha à sua visão do mundo. Evitando esquematizar as personagens, Larraín volta a deslumbrar-nos com as contradições internas do fluxo histórico.
Classificação: *****