Ouvir jazz na Europa? No Hot Clube, claro

Um dos clubes de jazz mais antigos da Europa, o Hot Clube foi agora eleito pelo <em>The Guardian</em> um dos dez melhores do Velho Continente. Há cinco anos num renovado espaço, continua como sempre
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Faltavam dois dias para o Natal de 2009 quando um incêndio deflagrado no topo do edifício e destruiu por completo a sede do Hot Clube, reduzindo a cinzas grande parte da história do jazz português. Nos sócios, nos músicos e em todos os amantes de jazz, para quem o Hot muito mais do que um simples clube de concertos era a própria casa do jazz português, ficou um sentimento de orfandade. Nos dias seguintes percebeu-se bem quanto o Hot Clube era querido por todos.

"Sentimos uma onda de solidariedade enorme de toda a gente, mas especialmente por parte de outras instituições da cidade, que nos ofereceram espaços para continuarmos a nossa atividade", lembra Inês Cunha, presidente do conselho diretivo precisamente desde 2009, quando substituiu o decano Bernardo Moreira à frente dos destinos do clube.

Foi também nesse momento que ficou decidido não abandonar a Praça da Alegria: "Só sabíamos que era necessário pôr tudo de pé outra vez e em tempo recorde. Tínhamos de continuar a ter uma sede nossa e só podia ser aqui, porque a alma da praça é a alma do clube."

Foi o próprio programador do Hot, Luís Hilário, quem descobriu o local onde foi construído o novo clube, um edifício vizinho, devoluto, pertencente à Câmara Municipal de Lisboa, que o cedeu ao Hot, bem como um subsídio de 200 mil euros para ajudar na sua recuperação.

"Foi o vizinho do café ao lado, entretanto já encerrado, que me chamou a atenção para o imóvel. Era uma antiga loja, fechada há mais de dez anos, mas que reunia todas as condições para receber o novo Hot", recorda Luís Hilário.

Tal como o anterior, o novo Hot Clube continuou assim a funcionar na Praça da Alegria. Agora já não na famosa cave do número 39, mas numa nova sede, situada apenas duas portas abaixo, nos números 47 e 49.

Ao contrário do velho Hot Clube, que era resultado de diversas adaptações feitas ao longo de décadas, o novo espaço, além de maior, conta com camarins, casas de banho para deficientes e um pátio para concertos ao ar livre. "Tem a vantagem de ter sido construído de raiz, o que permitiu acrescentar uma série de novos equipamentos. Havia alguns receios de que pudesse não ser igual, mas mantivemos algumas semelhanças com o antigo", conta Luís Hilário.

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