Os volte-faces da novela Branco vs. Terry Gilliam animam Cannes

A entidade que regula o cinema em França confirmou a estreia comercial em França de O Homem Que Matou Dom Quixote
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A novela da guerra pelos direitos de O Homem Que Matou Dom Quixote tem novos desenvolvimentos. Finalmente, ontem, o CNC (Centre National du Cinéma) deu o visa de exploração comercial ao filme de Terry Gilliam, que poderá chegar aos cinemas depois de quarta-feira o Tribunal de Paris ter dado luz verde para que o filme pudesse ser exibido em Cannes, na sessão de encerramento.

A maldição sobre o filme de Gilliam, que leva mais de duas décadas, pode estar a chegar ao fim, embora o CNC tenha referido que esta autorização da estreia não venha a pôr fim à batalha jurídica entre o produtor Paulo Branco e os novos detentores do filme. Branco espera ainda ser recompensado pelo tempo em que trabalhou como produtor numa das fases iniciais do projeto. A justiça francesa pronunciar-se-á numa sessão a 15 de junho, muito provavelmente antes da estreia em Portugal (nesta altura, não se sabe ainda da data da estreia entre nós).

Ao contrário daquilo que se previa, ontem a direção do festival não tinha emitido ainda o tal comunicado onde era obrigada a reconhecer que o filme iria passar mas com o aviso a todos de que os direitos sobre o mesmo ainda estão em batalha judicial, antes pelo contrário. O comunicado em questão ataca mais uma vez Paulo Branco. Segundo Cannes, fez-se justiça: "As tentativas de intimidação orquestradas por Paulo Branco e o seu filho advogado não lhes serviram de nada. Através desta decisão, o Tribunal coloca em marcha de forma urgente medidas que confirmam que o Festival de Cannes nunca se pôs acima da lei nem forçou a sua decisão, ao contrário daquilo que os Branco continuaram a pedir (através de calúnias e mentiras)", refere o site do festival. A direção do festival refere que ao longo do caso apoiou e sempre foi leal aos criadores do filme, acrescentando que "o festival é um fórum singular de liberdade de expressão. E continuará a ser sempre assim".

Ao DN, Pandora da Cunha Telles, da Ukbar Filmes, produtora portuguesa que ficou com o projeto, confessou: "O clima de terror parece estar a desvanecer-se. Primeiro Cannes e agora a saída em França. Neste processo todos perdemos muito e isso é desgastante. Mas agora já é altura para que o filme comece a ganhar. Como dizia o próprio Quixote ao seu Sancho: a coisa mais destrutiva é a mentira e o egoísmo; a pior derrota, o desalento; os defeitos mais perigosos, a soberba e o rancor; as sensações mais gratas, a boa consciência, e o esforço de tentarmos ser melhores sem ser perfeitos e, sobretudo, a boa disposição para fazer o bem e combater a injustiça onde quer que esteja."

Num comunicado à imprensa, assinado por Pandora e pelo sócio, o produtor Pablo Iraola, congratularam-se pela vitória no tribunal: "A Ukbar Filmes agradece todas as mensagens de apoio recebidas, e a felicidade de partilhar com o realizador este sonho há́ muito esperado de ver o filme terminado ser exibido no Festival de Cannes. Agradecemos igualmente a todos aqueles que nos ajudaram em Portugal a tornar o filme realidade perante tantas adversidades, nomeadamente os técnicos e atores portugueses, em especial à atriz Joana Ribeiro."

O realizador americano, Terry Gilliam, encontra-se a recuperar de um problema de saúde em sua casa mas, via redes sociais, já prometeu estar presente na sessão de encerramento de Cannes para apresentar este projeto que o ia literalmente matando...

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