A campanha eleitoral e o debate político, em geral, são recorrentemente assaltados pelos verbos. Fazer ou não fazer, rasgar ou não rasgar, manter ou não manter - e muitos outros. Verbos utilizados como anátema, de que uns abusam e de que outros fogem. Vemos candidatos e dirigentes políticos de dedo esticado e verbo de fogo, acusando outros de tudo querer mudar, se não destruir. Vemos candidatos e dirigentes ameaçando rasgar e depois recuando e precisando a intenção do verbo usado. São técnicas de acosso político, de pressão sobre o adversário. Boas técnicas. Se há algo importante em política, é, mais do que o verbo, os verbos. Os eleitores precisam de verbos, em particular nesta fase de participação política geral. Que fazer ou que mudar? Que manter ou que rasgar? Que propor ou criticar? Os programas eleitorais e as explicações dos dirigentes políticos, dos líderes partidários, são necessários, e é neste momento que a conjugação dos verbos consubstancia propostas e dá sentido aos debates interpartidários. Isto é, ao esclarecimento do eleitor. E nenhum verbo deve estar excluído da linguagem política. Se alguém quer mudar, porque não admitir a certeza do uso do verbo rasgar? Se alguém quer manter, porque recear este verbo? Os verbos são a riqueza da democracia e do debate democrático. Os eleitores querem os verbos - assim crus, transformados em ideias, propostas ou recusas que têm novas ideias como reverso, novos verbos. O debate democrático enriquece-se com o livre uso dos verbos e empobrece-se com a demonização do "rasgar" ou "não rasgar".O problema dos EUA na Coreia do Norte Barack Obama aceitou envolver-se em negociações directas com o regime comunista norte-coreano e com o Irão, para evitar que estes dois países acedam à arma nuclear. São os dois problemas mais difíceis e perigosos que o Presidente americano enfrenta. Sobretudo o caso da Coreia do Norte, que já testou armas atómicas. O primeiro ensaio fracassou, mas o segundo, em Maio, obteve força explosiva equivalente a um quinto da bomba que arrasou Nagasáqui em 1945.A Coreia do Norte tem um líder doente. É um país pobre e isolado, mas com mísseis de longo alcance e capacidade militar suficiente para destruir a península coreana e bombardear o próprio Japão. O país pode recomeçar a produzir plutónio para armas semelhantes às que já fez explodir e terá instalações secretas de enriquecimento de urânio, método eficaz de construir bombas atómicas.Para falar com a Coreia do Norte, os EUA precisam da China, mas também de uma nova atitude que não deixe os norte-coreanos a falar sozinhos. Em 2005, Pyongyang aceitara abandonar o programa nuclear, em troca de ajuda alimentar e combustível, mas o processo ruiu porque os americanos não acreditaram nas boas intenções do líder coreano Kim Jong-il ou porque este sentiu que os ocidentais não cumpriam o prometido.Perderam-se quatro anos preciosos e Obama tem de enfrentar a questão quando esta subiu para um patamar mais instável e explosivo.