Os tons ambivalentes de uma noite com os Sigur Rós

O grupo islandês voltou a Portugal para dois concertos, o primeiro dos quais no Coliseu do Porto. No alinhamento integraram sons do próximo álbum, que anunciam ambiente mais negros e agressivos.
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O público quase que não queria deixar os Sigur Rós abandonarem o palco do Coliseu do Porto, na noite de quarta-feira. Tratou-se de um concerto intenso marcado por uma atmosfera em constante crescendo. Quem esperava um ambiente celestial, decerto não lhe passou ao lado a força demonstrada em palco e os fãs souberam como agradecer.

Brennisteinn, uma das composições do novo álbum que será lançado este ano, não deixou dúvidas quanto ao rumo que o grupo quer seguir: músicas revestidas de um maior poder que parecem resvalar para um lado mais negro e agressivo, nas quais o som profundo da guitarra de Jónsi, sempre tocada com um arco de violoncelo, faz todo o sentido. Ambientes distintos mas muito bem articulados acabaram por ter lugar neste concerto e o público soube como aderir a todos eles.

Houve sentimentos ambivalentes a falarem por si: compassos lentos que despertaram a melancolia e momentos de eletrónica que causaram frenesim. Não foi por acaso que a primeira parte ficou ao encargo do projeto Blank Mass liderado por John Power. Mas os Sigur Rós sabem como ser guturais, criar uma sonoridade que parece provir das profundezas, muito por culpa do reforço do baixo e da bateria, presente em todo o espetáculo. Curiosamente Valtari, o último álbum lançado em maio, só não foi completamente ignorado graças a Varúd, tema muito bem recebido pela plateia.

Há um lado cinematográfico latente nas composições dos Sigur Rós e o espetáculo comprovou isso mesmo. Efeitos cénicos de luz e imagem, ora mais etéreos ora mais assustadores, acompanharam o repertório da banda, o que ajudou o grupo a ter o público do Coliseu completamente na mão.

Os compassos calmos e contemplativos de Svefn-G-Englar foram muito bem recebidos logo ao primeiro instante, assim como Hoppípolla. Ficou provado nesta atuação que, em Portugal, há uma legião de fãs conhecedora do trabalho desenvolvido pelo grupo. Pode-se dizer que custou deixar os Sigur Rós partir enquanto se ambicionava por um novo encore, mas a dose será repetida no Campo Pequeno de Lisboa, às 21 horas.

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