Os sermões de Aznar ao PP e a Rajoy

A pouco mais de dois meses das eleições legislativas em Espanha, ex-primeiro-ministro espanhol e ex-líder do Partido Popular não poupa sucessor a críticas.
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"Foi a escolha mais difícil da minha vida. Espero não me enganar. Para o bem do país e do partido." Foi este o desabafo que José María Aznar, então primeiro-ministro espanhol, fez durante um almoço em agosto de 2003 sobre o seu sucessor na liderança do Partido Popular. Pouco depois ficaria a saber-se o nome do eleito, Mariano Rajoy, que é hoje chefe do governo espanhol. E o alvo de uma multiplicidade de duras críticas por parte de Aznar. Isto depois de há três anos, no seu livro autobiográfico 'Memorias', o ex-governante ter confessado que só escolheu Rajoy porque Rodrigo Rato recusou, por duas vezes, ser o seu sucessor à frente do PP. Ex-vice-primeiro-ministro, ex-diretor do FMI e ex-presidente do Bankia, Rato está atualmente acusado pela justiça espanhola de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção de pessoas particulares.

"Isto é para que alguns pensem por que razão o partido que está no governo em Espanha não foi capaz de representar a maioria das forças constitucionais na Catalunha", afirmou Aznar, em comunicado, após serem conhecidos os resultados das eleições autonómicas de 27 de setembro na Catalunha. Nelas, o PP ficou em quinto lugar. Em primeiro ficou a lista única independentista Junts pel Sí, seguida do Ciudadanos, dos socialistas catalães e do Catalunya Sí Que Es Pot (coligação apoiada pelo Podemos). Assim, a grande surpresa deste escrutínio regional foi o Ciudadanos, partido que é liderado a nível nacional por Albert Rivera. Face àquelas declarações, Mariano Rajoy, entrevistado pela Antena 3, apenas fez a seguinte declaração: "Não irei fazer avaliações sobre as palavras de ninguém, pois cada um é livre de expressar as suas opiniões."

Mas Aznar não parou. Numa intervenção que fez na segunda-feira na Casa da América, em Madrid, afirmou "ser digno de reflexão" o resultado obtido pelo Ciudadanos nas eleições catalãs porque "isso pode ter importância na intenção de voto para as legislativas" de 20 de dezembro em Espanha. Aznar alertou que existe o risco de os eleitores de centro-direita preferirem o partido de Rivera ao PP de Rajoy por acharem que a ordem constitucional no país "está assim mais bem defendida". Com mais esta farpa o ex-primeiro-ministro espanhol obrigou o PP a ter uma reação.

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