Os segredos da boa forma de Tom Brady à beira de conquistar o seu sétimo anel
Tom Brady, 43 anos, desportista de sucesso, milionário e membro de "uma das famílias mais perfeitas da América", como rotulou há uns anos a revista Vanity Fair. Brady é um verdadeiro case study, um jogador de futebol americano que apesar da idade avançada se mantém no auge, um quarterback de eleição que venceu seis títulos do Super Bowl e que pode voltar a fazer história - depois de ter representado durante 20 anos os New England Patriots, mudou-se no ano passado para os Tampa Bay Buccaneers e vai disputar este domingo, a partir da 23.30 horas (Eleven Sports), o seu 10.º Super Bowl em busca de um inédito sétimo anel de campeão.
Existe segredo para tamanho sucesso? Na verdade, as justificações são muitas. A começar pela rígida rotina de treinos a que sempre se submeteu, passando por uma alimentação especial e um estilo de vida pacato. Tom Brady é casado com Gisele Bündchen desde 2009, e tem dois filhos do relacionamento com a supermodelo brasileira - tem outro fruto da sua união anterior com a atriz Bridget Moynahan. São considerados um dos casais mais perfeitos dos EUA e fazem gala nisso - nas entrevistas, um e outro fazem declarações de amor e as redes sociais de ambos estão inundadas de fotos juntos com os filhos.
Mas há mais. O quarterback que tem uma fortuna estimada em cerca de 200 milhões de dólares (165 milhões de euros), que coleciona recordes, que está à beira de mais um título e que promete jogar até aos 45 anos, tem uma obsessão com a alimentação (lançou um livro sobre nutrição) e segue à linha a famosa dieta alcalina (dá prioridade aos alimentos alcalinos, que supostamente facilitam a recuperação do corpo após atividades físicas intensas). Para se manter em forma, tem a preciosa ajuda do personal trainer Alex Guerrero.
Na alimentação de Tom Brady não entra álcool, cafeína, pão, arroz branco, gorduras, farinha branca, cogumelos, produtos com glúten, e mesmo a fruta é escolhida a dedo. A nível de carnes, têm de ser leves e naturais (nada de produtos de aviário com hormonas). A alimentação é sobretudo à base de peixe, ovos e frango e, claro, com suplementos e barras energéticas da sua própria marca e muitos vegetais. E ingere no mínimo 12 copos de água por dia.
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Diz-se que outro dos seus segredos é deitar-se muito cedo e levantar-se antes do nascer do Sol. Da sua rotina de treinos, além dos trabalhos de conjunto integrado na equipa, há muita preparação em casa e no ginásio. Por isso o dia começa com massagens. Depois há treino de velocidade, agilidade e resistência. Mas ao contrário da maioria dos desportistas, não usa pesos. O trabalho de recuperação muscular em aparelhos próprios faz também parte da sua rotina diária, ele que nos tempos livres pratica golfe, surf e mergulho.
Em 2018, Brady escreveu um livro - O Método TB12 - onde revelou todos os seus métodos de trabalho ao pormenor, de tratamentos físicos, a métodos de treinos, passando pelo estilo de alimentação e preparação mental. "Nada funciona de forma isolada: o corpo é um sistema. Trate-o bem", escreveu, lembrando que "nenhum programa de treino é eficaz sem a nutrição adequada" e que "o corpo e a mente precisam de descanso para recuperar".
"Amo o que faço", disse recentemente num testemunho ao Players Tribune, feliz por ser um exemplo para os mais jovens. "Recentemente, um amigo contou-me que a irmã estava grávida do primeiro filho, um menino, e que iria chamá-lo de Brady. Não há um legado melhor que eu possa imaginar. Em cima da minha mesa do escritório, tenho uma foto do Joe Montana, o meu herói quando criança. As crianças sempre terão espaços para heróis e poucas coisas poderiam deixar-me mais honrado do que saber que cumpri esse papel para alguns garotos e garotas."
Thomas Edward Patrick "Tom" Brady, Jr. nasceu a 3 de agosto de 1977, em San Mateo, na Califórnia. Depois de jogar futebol americano universitário na Universidade de Michigan, foi selecionado pelo New England Patriots na sexta ronda do draft de 2000 da NFL, equipa que viria a representar durante 20 temporadas.
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Foi titular absoluto dos Patriots desde 2001, liderando a equipa de Foxborough em nove disputas de Super Bowl, um recorde na NFL, tendo conquistado seis títulos de campeão, outro recorde, superando os cinco títulos de Charles Haley. Também foi eleito quatro vezes o MVP das finais, além de ter sido eleito em três ocasiões para o prémio MVP de temporada regular. Brady detém também vários recordes individuais, entre os quais a maior quantidade de passes para touchdown em Super Bowls (18) e em jogos de pós-temporada (71). Foi ainda eleito dezenas de vezes o "desportista do ano" por várias revistas especializadas.
Em 2020, quando muitos já anunciavam a sua reforma depois de ter deixado os Patriots, Brady espantou toda a gente, ao anunciar ter chegado a acordo com os Tampa Bay Buccaneers para um contrato de duas épocas e um salário de cerca de 28 milhões de euros/ano, ficando com a "sua" camisola 12.
"Estou entusiasmado e com fome [de títulos]. Se há coisa que aprendi sobre o futebol americano é que ninguém se importa com o que fizeste na época passada ou antes disso. Estou a começar uma nova viagem e agradeço aos Buccaneers por me darem a oportunidade de fazer aquilo que amo. Quero conhecer os meus colegas e os treinadores e dizer-lhes que podem confiar em mim", escreveu na altura nas redes sociais. E o resultado está à vista, pois foi determinante na caminhada dos Tampa Bay rumo à final do Superbowl, onde pode ganhar o seu sétimo anel de campeão.
Será com todo este estatuto de verdadeira lenda viva que no dia 7 Tom Brady vai comandar o ataque dos Tampa Bay Buccaneers contra os Green Bay Packers (onde joga o também veterano quarterback Aaron Rodgers, 37 anos), pela decisão da NFC (National Football Conference).
Se a equipa da Florida ganhar, será a primeira em toda a história da NFL a decidir o título no seu estádio, o Raymond James, desta vez com recinto longe de estar cheio, devido ao contexto de pandemia - deverão marcar presença cerca de 20 mil pessoas, sendo que 7500 serão profissionais de saúde que estão na linha da frente do combate à covid-19, um justo prémio de reconhecimento e de agradecimento que este ano a NFL resolveu implementar na final de mais um Super Bowl.