Os problemas do BPP que levaram à queda de Rendeiro
Com o corte de rating da agência Moody"s no final de 2008, João Rendeiro, que liderava o banco, pediu ao Estado uma garantia para poder obter um financiamento de 750 milhões de euros junto do Citigroup, mas o Banco de Portugal não autorizou e o BPP acabaria por perder a licença para operar no dia 16 de abril de 2010 e teria início a sua liquidação.
Entre 2008 e 2010, uma nova administração, nomeada pelo Banco de Portugal e liderada por Fernando Adão da Fonseca, tentaria uma recuperação da instituição. Foi negociado um empréstimo junto de seis bancos nacionais no valor de 450 milhões de euros, com garantia do Estado, mas essa injeção de capital não chegou para salvar o banco que geria fortunas.
Ainda antes da decisão de liquidar o BPP, em 2009, o banco começaria a ser investigado pelas autoridades, devido a suspeitas de irregularidades. João Rendeiro seria alvo não de um, mas de vários processos judiciais ao longo destes anos, resultando em condenações com pena de prisão efetiva.
A queda do banco deixou, segundo dados da Comissão Liquidatária do BPP, seis mil credores com 1600 milhões de euros a receber, 450 milhões dos quais créditos garantidos pelo Estado, 950 milhões de créditos comuns e 200 milhões de créditos subordinados (os que são pagos em último lugar em caso de insolvência).
Os ativos líquidos do banco quando entrou em liquidação eram de 700 milhões de euros, montante insuficiente em 900 milhões para fazer face às responsabilidades assumidas.
Passada mais de uma década, o processo de liquidação ainda não foi dado como terminado e a comissão liquidatária tem sido alvo de muitas críticas por parte da Associação Privado Clientes, que representa lesados do BPP. Já foram pagos um total de 405 milhões de euros ao Estado, mas os pagamentos aos credores comuns ainda não começaram.
Os clientes de retorno absoluto foram indemnizados pelo Fundo de Garantia de Depósitos (até 100 mil euros) e pelo Sistema de Indemnização aos Investidores (até 25 mil euros) em abril de 2010. Foi a única vez que o Fundo foi chamado a reembolsar depositantes.
Carla Alves Ribeiro e Elisabete Tavares são jornalistas do Dinheiro Vivo