Os meninos à volta da fogueira

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Éoficial: ninguém sabe o que fazer com o brexit. Em Inglaterra, Boris Johnson já começou a gerir expectativas e danos. Em Bruxelas, Schulz e Juncker, como é hábito, disseram o primeiro disparate que lhes veio à cabeça. Do que a UE precisa é ganhar algum tempo e não decidir sobre precipitação retaliatória, como quer Juncker, que se prepara para vergar à humilhação um David Cameron que já não participará no segundo dia do Conselho Europeu que hoje começa. Merkel foi a única que acalmou a histeria, consciente do duplo problema que o brexit acarreta para a Alemanha: regras pesadas sobre as exportações para o Reino Unido e um fardo ainda mais incomportável ao momento unipolar alemão na Europa. Ao contrário do que muitos dizem, a Alemanha é muito mais um líder relutante - e por isso mais errático nas decisões - do que um assumido e determinado condutor dos destinos da UE. Um brexit apressado e irreversível aumentaria ainda mais o peso dos destinos europeus sobre os ombros da Alemanha, concentrando excessivamente, para o bem e para o mal, decisões vitais à continuidade da UE. Voltemos ao início. Boris Johnson está em contenção de danos. Afinal quer tudo como está à exceção da jurisdição do Tribunal Europeu de Justiça, do controlo da imigração e do financiamento ao orçamento comunitário. Se era para isto, não precisava de nenhum referendo, bastava negociar mais e melhor do que qualquer primeiro-ministro fez até agora em Bruxelas para conseguir aprofundar o hiperexcecionalismo do Reino Unido na UE. O que Boris Johnson quis foi usar o referendo para assaltar a liderança dos conservadores. Nada mais do que isto. O que o partido devia fazer era derrotá-lo na convenção de outubro e terminar o seu aventureirismo infantil. Para isso, Berlim e Bruxelas precisam de dar tempo a Londres e evitar tiradas despropositadas. Para criancices já temos o Boris.

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