Os jogadores que ficam na história do regresso portista aos títulos
Moussa Marega. O triunfo de um herói improvável
Posição: Avançado
Jogos: 27
Minutos: 2230
Golos: 22
Moussa Marega não começou o campeonato a titular, mas demorou apenas três minutos a anunciar-se como a improvável figura portista desta época. A 9 de agosto de 2017, a receção ao Estoril marcava o arranque do trajeto para o novo FC Porto de Sérgio Conceição, num Dragão com expectativa renovada, ainda que desconfiado após um defeso em crise que não tinha trazido reforços mediáticos mas "apenas" um par de regressos de figuras com passado pouco feliz no clube. Entre essas, Marega.
O primeiro onze do campeonato expunha uma dupla de ataque com Soares e Aboubakar e decerto muitos adeptos terão tragado em seco quando o brasileiro teve de deixar o relvado, lesionado, aos 32 minutos, cedendo o lugar a Marega. Três minutos depois, o maliano, que não tinha deixado muitos amigos nas bancadas na anterior passagem pelo Dragão, abriu o marcador do FC Porto na Liga e acabaria o jogo com dois golos. Sim, o primeiro golo do título teve o selo de Marega - e só mais tarde se perceberia o quão justo tinha sido o destino.
O avançado que chegara atrasado na pré-época e tinha ouvido Sérgio Conceição avisá-lo de que teria "de correr atrás" não parou de correr em campo. E encaixou na perfeição no futebol idealizado pelo técnico portista para recuperar o trono da Liga portuguesa. Um futebol de profundidade, agressivo, rápido, em diagonais e incisivo na frente. Marega representava tudo isso. E, por isso, mesmo com os defeitos técnicos antigos, rapidamente se tornou imprescindível no dragão. Ganhou a titularidade a partir desse jogo inaugural e cimentou-a. Com golos, sim, e muitos (melhor marcador da equipa, com 22), mas sobretudo com a capacidade física para causar desgaste rápido nas defesas contrárias.
A entrega quase desmedida traiu-o fisicamente por duas ocasiões, com roturas musculares - aos 13 minutos do jogo com o RB Leipzig, na Liga dos Campeões, depois de um sprint que valeu o canto que abriria a vitória portista, já sem o maliano em campo; e a oito minutos do final na vitória sobre o Sporting no Dragão, no campeonato. Dessa última vez, em março, ficou um mês e meio a recuperar para poder aparecer no jogo decisivo frente ao Benfica, na Luz. Depois, na Madeira, foi ele a desbloquear a vitória frente ao Marítimo, a um minuto do fim, com o golo que deixou o FC Porto com o título na mão, confirmando-se como a figura de uma época que marca o fim de um jejum portista que durava há quatro longos anos.
Não por acaso, as únicas derrotas da equipa do FC Porto no campeonato (Paços de Ferreira e Belenenses) aconteceram no período em que o maliano esteve lesionado. Aos 27 anos, Marega conquistou até os rivais. Jorge Jesus, por exemplo, elogiou-o por duas vezes, durante a maratona de duelos entre Sporting e FC Porto: "É um jogador que sempre referenciei", disse numa ocasião. Noutra: "Marega dá muita profundidade à equipa do FC Porto e tem influência." E conquistou definitivamente o coração dos adeptos, que agora cantam, rendidos, "Oh, Marega..."
"Fica, Iker" virou campanha no Dragão
Posição: Guarda-redes
Jogos: 19
Minutos: 1665
Golos: 9 sofridos
Ameaçou tornar-se o caso da época, mas acabou aclamado de forma unânime, reconhecido no óbvio estatuto de lenda viva das balizas mundiais com que chegara ao Dragão no verão de 2016. No entanto, Iker Casillas teve de superar tempos difíceis de uma estranha suplência, quando Sérgio Conceição, após o nulo em Alvalade no início de outubro, decidiu entregar as redes a José Sá. Entre referências mais ou menos indiretas à forma como o espanhol treinava, as explicações do técnico nunca foram convincentes. Casillas, esse resistiu no banco com uma postura inatacável, calçando as luvas apenas nos jogos das Taças. Até que o furacão Liverpool que varreu o Dragão, em fevereiro, o devolveu à baliza. Uma espécie de mea culpa de Sérgio Conceição, que Casillas aproveitou demonstrando a mais valia que é ter uma referência mundial na baliza (exibições decisivas nas vitórias frente aos rivais Sporting e Benfica). De repente, o salário do espanhol de 36 anos já não parece assim tão elevado e o "Fica, Iker" virou campanha no Dragão.
Um lateral com jeito para oferecer golos
Posição: Defesa
Jogos: 28
Minutos: 2462
Golos: 3
A vitória na Madeira, que praticamente confirmou o título do FC Porto, começou no seu pé esquerdo, que descobriu a cabeça de Marega. Como no seu pé esquerdo tinha nascido já o golo de Danilo que abriu a vitória em Vila do Conde (2-1), à 6.ª jornada, ou o golo de Felipe que valeu o triunfo (2-1) em Santa Maria da Feira, ou os três golos com que o FC Porto bateu o Sp. Braga (3-1) no Dragão, à 21.ª, ou... outros seis ao longo do campeonato, num total de 12 assistências que destacam o lateral brasileiro como o mais valioso dos fornecedores de golos nesta Liga. Lateral de grande ímpeto ofensivo e técnica refinada, Alex Telles (tal como Ricardo Pereira, na direita) contribuiu decisivamente para a largura e profundidade exigidas pelas ideias de Sérgio Conceição. E o seu pé esquerdo assumiu-se como principal fonte de perigo nos lances de bola parada, uma das armas mais eficazes deste FC Porto. Como no golo que iniciou a reviravolta no Estoril, no célebre jogo que teve um mês de intervalo devido a problemas com as bancadas.
A grande redenção de um senhor capitão
Posição: Médio
Jogos: 27
Minutos: 2155
Golos: 3
Como Marega, o mexicano é outro patinho feio que a temporada transformou em cisne. Sobretudo após aquele golo redentor que valeu a vitória crucial sobre o Benfica, ao minuto 90, na Luz, lançando o FC Porto definitivamente para a liderança do campeonato. O médio, que carregava uma pesada cruz junto dos adeptos desde outro jogo com o Benfica, na temporada anterior, no Dragão, libertou-se por fim desse peso com o golo decisivo no campo do rival. Mas o processo de libertação de Hector Herrera já vinha a desenrolar-se ao longo da temporada, com o mexicano a afirmar o seu futebol de ligação no meio-campo e a impor-se, sobretudo, como líder exemplar no balneário portista. Sérgio Conceição, que começou por desconfiar desse papel do mexicano, rendeu-se ao capitão: " Quando cheguei, perguntei aos jogadores: um mexicano capitão do FC Porto? Mas compreendi porquê. Além de bom jogador, é uma excelente pessoa e muito respeitado no balneário. O Herrera não é capitão por acaso."
O artista que também soube coletivizar-se
Posição: Extremo
Jogos: 31
Minutos: 2585
Golos: 8
É o virtuoso da turma, tem uns pozinhos de talento a mais do que os restantes e uma relação com a bola de fazer inveja a qualquer um. Por vezes, de fazer também desesperar o comum dos mortais, que reclama ao artista para descer à terra quando o ego criativo começa a exacerbar-se. Noutras épocas, de insucesso, esse individualismo de Brahimi ganhou anticorpos nas bancadas. Mas, com Sérgio Conceição, o argelino parece ter encontrado este ano um ponto de equilíbrio mais saudável entre a criatividade individual e a dinâmica coletiva. Destacou-se sobretudo na primeira parte de temporada, quando formou com Marega e Aboubakar um produtivo trio africano, mas também foi decisivo, por exemplo, na vitória sobre o Sporting no Dragão, na segunda volta - marcou o o golo que fixou o 2-1. É o segundo melhor assistente para golo na equipa, com oito passes decisivos, e conseguiu ultrapassar o seu nelhor registo goleador no campeonato desde que chegou em 2014: leva oito golos marcados, mais um do que em 2014/15 e 2015/16.
Outros jogadores campeões
José Sá
Posição: Guarda-redes
Jogos: 14
Minutos: 1215
Golos: 8 (sofridos)
Ricardo Pereira
Posição: Defesa/médio
Jogos: 26
Minutos: 2179
Golos: 2
Maxi Pereira
Posição: Defesa-direito
Jogos: 14
Minutos: 912
Golos: 0
Felipe
Posição: Defesa-central
Jogos: 29
Minutos: 2610
Golos: 3
Marcano
Posição: Defesa-central
Jogos: 28
Minutos: 2475
Golos: 4
Diego Reyes
Posição: Defesa-central
Jogos: 11
Minutos: 700
Golos: 2
Osorio
Posição: Defesa-central
Jogos: 1
Minutos: 72
Golos:
Diogo Dalot
Posição: Defesa-direito/Defesa-esquerdo
Jogos: 6
Minutos: 408
Golos: 0
Layún
Posição: Defesa/médio
Jogos: 7
Minutos: 258
Golos: 0
Danilo
Posição: Médio
Jogos: 19
Minutos: 1541
Golos: 1
Sérgio Oliveira
Posição: Médio
Jogos: 18
Minutos: 1248
Golos: 3
Óliver Torres
Posição: Médio
Jogos: 17
Minutos: 820
Golos: 0
André André
Posição: Médio
Jogos: 12
Minutos: 314
Golos: 0
Paulinho
Posição: Médio
Jogos: 3
Minutos: 127
Golos: 0
Otávio
Posição: Médio/extremo
Jogos: 14
Minutos: 748
Golos: 2
Corona
Posição: Extremo
Jogos: 26
Minutos: 1370
Golos: 3
Hernâni
Posição: Extremo
Jogos: 11
Minutos: 242
Golos: 0
Galeno
Posição: Extremo
Jogos: 2
Minutos: 24
Golos: 0
Aboubakar
Posição: Avançado
Jogos: 27
Minutos: 1985
Golos: 15
Soares
Posição: Avançado
Jogos: 22
Minutos: 1001
Golos: 8
Gonçalo Paciência
Posição: Avançado
Jogos: 8
Minutos: 167
Golos: 0
Waris
Posição: Avançado
Jogos: 5
Minutos: 127
Golos: 0
André Pereira
Posição: Avançado
Jogos: 1
Minutos: 3
Golos: 0