Os artistas implicados no escândalo dos Papéis do Panamá, de Almodóvar a Jackie Chan

O escândalo de corrupção que está a abalar o mundo continua a trazer à baila nomes conhecidos
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Quando os mais de 11,5 milhões de ficheiros do caso agora chamado Papéis do Panamá foram revelados, entre os nomes de mais de 140 políticos mundiais e dezenas de chefes de Estado encontravam-se também referidas personalidades do mundo das artes. Até agora, alguns dos nomes já foram dados a conhecer.

Pedro Almodóvar é um dos citados enquanto cliente da firma de advogados Mossack Fonseca, cujos documentos foram pirateados e divulgados, e que se especializa na criação de sociedades em paraísos fiscais. O realizador espanhol, responsável por filmes como Tudo Sobre a Minha Mãe (1999) ou Volver (2006), aparece, juntamente com o seu irmão Agustín Almodóvar, como o dono de uma empresa chamada Glen Valley Corporation, criada em 1991.

Até 1994, altura em que a empresa foi encerrada, os irmãos Almodóvar tinham a capacidade de administrar a sociedade sem quaisquer limitações. Com um capital social de 50 mil dólares, repartido por 50 mil ações, que seriam entregues ao portador em 3 partes; desta forma, a identidade da figura maioritária da sociedade ficaria protegida. Nos documentos agora tornados públicos, não há quaisquer registos de quanto dinheiro entrou nas contas de sociedade nem para que serviria a empresa. A partir de 1993 a empresa começou a receber multas por não pagar as taxas de manutenção (que seriam de 750 dólares ao ano), até que no dia 31 de outubro de 1994 fecha por "falta de licença".

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As datas coincidem com os primeiros sucessos cinematográficos do realizador, que se estreou em 1988 com Mulheres à beira de um ataque de nervos, que rendeu cerca de 8 milhões de dólares. Seguiram-se Ata-me! (3.1 milhões) em 1990, Tacones Lejanos (5,2 milhões) em 1991 e Kika (3 milhões) em 1993.

Esta não é a primeira vez que o cineasta espanhol é mencionado pela maneira como gere o seu património. Os irmãos Almodóvar controlam a empresa Oyster, que engloba a produtora El Deseo e que, desde 2013 tem vindo a registar quedas sucessivas de valor. Já em 2008, Almodóvar foi referenciado no escândalo Madoff, uma vez que uma das empresas às quais estava ligado foi envolvida na fraude financeira. O irmão do realizador veio entretanto, em declarações ao El Confidencial, negar quaisquer problemas tributários.

À semelhança de Pedro Almodóvar, também Jackie Chan aparece citado nestes documentos. O ator chinês de artes marciais consta dos documentos com pelo menos seis empresas geridas pela Mossack Fonseca, sediadas no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Está ainda por apurar se o ator usou as companhias de forma legítima ou por motivos de evasão fiscal.

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Da China para a Índia, surge o nome de um dos maiores (e mais reconhecidos) atores de Bollywood, Amitabh Bachchan, também conhecido como Big B. Segundo os documentos, o ator seria o diretor de quatro empresas de transportes, com capitais que variavam entre os 5 mil e os 50 mil dólares, mas com negócios que ascendiam aos milhões de dólares. Com as empresas em seu nome há pelo menos 23 anos, desde que o escândalo foi tornado público Amitabh demitiu-se do cargo de direção, não tendo feito ainda quaisquer declarações.

Mas o ator não é o único membro da sua família implicado. Também a sua nora, a atriz e antiga miss Universo Aishwarya Rai aparece citada nos Papéis do Panamá como diretora de outra empresa sediada nas Ilhas Virgens. A empresa, onde também eram diretores os pais e a irmã da atriz, foi dissolvida em 2008, o ano em que Aishwarya se casou com o filho de Amitabh. O representante da atriz veio entretanto desmentir o sucedido, alegando que as informações são "falsas".

O último artista (por enquanto) a aparecer ligado a caso, é o belga Franco Dragone. O diretor de teatro, responsável por muitos dos espetáculos do Cirque du Soleil, aparece nos Papéis do Panamá como dono de uma empresa offshore que, alegadamente, custeava The House Of The Dancing Water, um espetáculo criado por Dragone, que acontece em Macau e que é a maior produção artística aquática do mundo. O diretor artístico de The House Of The Dancing Water, Giuliano Peparini, também está implicado no processo, por fazer parte de outra empresa offshore.

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