Segundo o barómetro da saúde oral 2018, a que a agência Lusa teve acesso, 63% das crianças em idade pré-escolar nunca visitou um médico dentista. .Na população geral, esta percentagem reduz-se para metade, sendo cerca de 30% os portugueses que nunca vão ao dentista ou só em caso de urgência..O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas considera que é "um erro brutal em termos de saúde pública" só acompanhar de forma regular as crianças a partir dos seis anos..Atualmente, o cheque dentista é distribuído a partir dos seis anos e abrange apenas as crianças que frequentam escolas do ensino público.."Aos 24 meses já têm a sua dentição temporária colocada na boca e é também necessário tratar os dentes de leite. São dentes temporários, mas são dentes para conservar e tratar", afirma Orlando Monteiro da Silva, em declarações à Lusa a propósito do barómetro da saúde oral relativo a 2018..O bastonário indica que há a perceção errada de que os dentes de leite não são para cuidar, vigiar e tratar e apela a que pais e educadores "higienizem e tratem os dentes de leite exatamente como os definitivos".."O cheque dentista devia estar disponível a qualquer criança a partir dos dois anos, sendo uma medida que iria diminuir ainda de forma mais vincada a prevalência de cárie dentária", considera Orlando Monteiro da Silva, sublinhando que é "constrangedor ver crianças de 4 ou 5 anos com os dentes temporários todos cariados"..Segundo o barómetro da saúde oral 2018, quatro em cada dez portugueses não vão ao dentista há mais de um ano e quase um terço da população diz que nunca vai ao dentista ou só vai em caso de urgência..Entre 2014 e 2018 aumentou ainda o número de pessoas que não consulta o dentista há mais de dois anos..No ano que terminou, 41,6% dos portugueses indicaram que não visitavam um dentista há mais de um ano. São 12% os portugueses que estiveram sem ir ao dentista entre dois a cinco anos e há 3,6% de inquiridos que admite nunca ter ido a uma consulta de medicina dentária..Entre os portugueses que nunca vão ao dentista ou que vão menos de uma vez por ano, cerca de metade diz não ter necessidade, enquanto 31% diz não ter dinheiro, uma percentagem que diminui em relação a 2017. ."Uma parte grande da população tem muita dificuldade em aceder à medicina dentária. Há um grande número de necessidades da população, mas depois a procura não é a que devia ser face ao estado de saúde oral e isso acontece por várias razões, económicas, de informação ou de acessibilidade", indica o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas..Atualmente, há cerca de uma centena de médicos dentistas distribuídos por 60 a 70 centros de saúde, o que Orlando Monteiro da Silva considera ainda insuficiente.."É positivo, mas não é capaz ainda de fazer a diferença para os números que são agora apresentados", comenta.