Opus Gay é sempre afastada da Marcha do Orgulho Gay

O líder da organização de defesa dos direitos lésbicos, gays, bissexuais e transgéneros (LGBT) Opus Gay denunciou hoje que a estrutura é "sistematicamente" afastada da organização da Marcha do Orgulho Gay e que nem sequer é convidada.
Publicado a
Atualizado a

António Serzedelo disse não saber o que se passa nem apontou uma razão lógica para tal situação, mas garantiu que a Opus Gay tem vindo a ser todos os anos excluída da organização da marcha do Orgulho Gay e que também não é convidada. No entanto, de acordo com o líder da Opus Gay, tudo terá começado quando o antrópologo Miguel Vale de Almeida escreveu no seu blogue, há cerca de seis anos, que a "Opus Gay era uma sucursal da Opus Dei" e que esta "devia ser impedida, se necessário 'pela força', de desfilar" na marcha do Orgulho Gay. "É justo que uma luta pessoal atrase ou complique uma luta social, uma luta económica ou uma luta política?", questionou António Serzedelo.

Para o líder da Opus Gay, os motivos são claros: "O fim é fazer com que a Opus Gay apareça descredibilizada perante a opinião pública, que apareça como não sendo militante da causa gay", acusou Serzedelo. Contactado pela Lusa, Miguel Vale de Almeida, professor universitário e ex-deputado independente eleito em listas do PS, não quis comentar as acusações de Serzedelo, mas desmentiu que aquela citação estivesse no seu blogue e acrescentou nada ter a ver com a organização da marcha. António Serzedelo vai mais longe e diz mesmo: "Há uma intenção de controlar a sociedade LGBT, controlar a nível político, a nível social e a nível económico para ganhar credenciais políticas. Há pessoas que querem subir na vida através disto".

Contactado pela Agência Lusa, o presidente da ILGA Portugal (Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero), uma das entidades envolvidas na organização da Marcha do Orgulho Gay, desvalorizou as críticas, lembrando que se repetem todos os anos. "A posição da ILGA é não alimentar polémicas. As organizações não são convidadas para participar na marcha, elas simplesmente vão. É inútil alimentar este tipo de questões que não têm nada a ver com a questão da discriminação", explicou Paulo Côrte-Real. A Marcha do Orgulho Gay tem este ano a sua 12.ª edição e está marcada para o dia 18 de junho a partir do Príncipe Real, em Lisboa.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt