Oposição venezuelana boicota eleições presidenciais sem garantias

Mesa de Unidade Democrática considera eleições "ilegítimas" e desafia Maduro a enfrentar a oposição "numas eleições de verdade".
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A Mesa de Unidade Democrática (MUD), que reúne os principais partidos da oposição venezuelana, anunciou que não vai participar nas presidenciais "ilegítimas" de 22 de abril sem garantias. Vários partidos já se tinham mostrado individualmente contra a participação nas eleições, antecipadas pelo presidente Nicolás Maduro.

Um porta-voz da MUD, Ángel Oropeza, reiterou a defesa do "acordo" alcançado nas negociações na República Dominicana, que "estipula eleições presidenciais no segundo semestre do ano" e uma série de "garantias". Entre os requisitos está a garantia do voto dos venezuelanos no exterior, o acesso igual aos meios de comunicação e a revogação da proibição de partidos e líderes de participar.

"Caso contrário, não contem com a MUD nem com o povo venezuelano para endossar esta fraude", avisou Oropeza numa conferência de imprensa em que desafiou Maduro a enfrentar a oposição "numas eleições de verdade".

A 26 de janeiro, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela decidiu que a MUD não pode apresentar-se como uma coligação às eleições, por considerar que a aliança "vai abertamente contra a proibição da dupla militância" partidária. Além disso, os dois principais rostos da oposição estão impedidos de se candidatar: Leopoldo López, que está em prisão domiciliária, e Henrique Capriles, proibido de desempenhar cargos públicos por alegados crimes quando era governador.

"O evento prematuro e sem condições que se anuncia para o próximo dia 22 de abril é só um espetáculo do próprio governo para aparentar uma legitimidade que não tem, no meio da agonia e sofrimento dos venezuelanos", indicou a MUD em comunicado. "Convocamos o país a sair do cerco de pensar que a decisão frente a esta farsa é participar ou não. Estas não são eleições. O nosso objetivo é conseguir eleições de verdade. A Constituição exige-as e é para esse objetivo que vamos orientar a nossa luta", refere a oposição.

"Concordámos por unanimidade iniciar a partir de hoje uma campanha para que haja verdadeiras eleições este ano, como único caminho para começar a sair das penúrias que afetam o nosso povo", diz o comunicado da MUD.

Vários países já indicaram que não vão reconhecer o resultado das presidenciais de 22 de abril.

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