Oposição interna avança com moção. Nuno Melo elogia ativos do CDS
Silêncio que ainda não é tempo de escolher a sucessão. Os protagonistas Assunção Cristas e Nuno Melo - bem como vários dirigentes do partido e da bancada do CDS contactados pelo DN - não querem ainda falar sobre o sucessor de Portas. Só mesmo Filipe Anacoreta Correia, do Movimento Alternativa e Responsabilidade (que tem feito oposição interna a Portas), admitiu ao DN que não exclui a hipótese de ser candidato e anuncia que irá apresentar uma moção de estratégia global no próximo congresso.
Nos últimos dias o vice-presidente do CDS Nuno Melo tem recebido diversos apoios, mas ao DN não quis falar sobre sucessão e aceitou apenas responder a questões sobre o ainda presidente centrista.
Sobre sucessão, Melo diz apenas que "não provoca um vazio, porque abriu a porta a muitos que hoje são ativos firmados e reconhecidos do CDS" e que o partido "terá muitos quadros capazes de desempenhar com vontade, capacidade e eficácia as funções de presidente."
Embora não seja o candidato que o líder prefere, Melo não se afasta da linha de Portas. O líder do CDS prefere Assunção Cristas e disse, no discurso de anúncio de saída, que o próximo líder deveria ter experiência parlamentar, mas também "experiência governativa". Ora, de todos os potenciais candidatos, só Melo nunca esteve no governo.
Depois de um grande destaque na primeira comissão ao BPN, Nuno Melo foi escolhido por Portas para ser o cabeça de lista nas Europeias em 2009, deixando de ser um potencial sucessor na sombra do líder. Houve quem o entendesse na altura como um exílio para a Europa. Mas Melo não deixou de fazer parte da direção de Portas como vice-presidente e defende-o. Até na hora da saída.
O "não substituível"
Ao DN, Nuno Melo definiu a presidência de Portas como "a mais forte, carismática e bem sucedida das lideranças do CDS", uma vez que "assegurou um ciclo de crescimento, depois de maus resultados passados, graças à sua inteligência, intuição política e capacidade de trabalho." Para Melo, Portas "foi o cimento que manteve unida toda a diversidade de que é feito o CDS".
Nuno Melo destaca ainda que o atual líder "sai por vontade própria" e "também com a pena do partido que gostaria de o manter como líder". Para o eurodeputado a saída de Portas "é em si mesma uma perda que não é substituível." Sobre o futuro do ainda líder, admite: "Gostaria que não fosse uma despedida. No que de mim dependa não será ."
Já Filipe Anacoreta Correia - que volta a ser deputado com a saída de Portas -adiantou ao DN que o movimento do qual faz parte vai apresentar uma moção de estratégia global no congresso. Sobre se vai ser candidato, Anacoreta Correia não excluiu, mas também não se assume candidato, pois "a questão da liderança é importante, mas a prioridade é discutir as ideias e a estratégia do partido".
Quanto aos candidatos elencados pela imprensa, Anacoreta Correia diz que "há uma metodologia em que se escolhem os mais próximos do poder no CDS", mas acrescenta: "Isso não me diz nada".
Para Anacoreta Correia "não há short lists", destacando a "importância de um novo ciclo que é preciso abrir no CDS". Além de admitir avançar, o centrista não excluiu a hipótese de o movimento apoiar outro candidato, mesmo dos já elencados. Defende que "o partido precisa de espaço, de tempo, de refrescar" e acredita que Portas não se vai imiscuir na disputa.