Na votação do projeto de deliberação apresentado pela maioria na reunião da comissão permanente da Assembleia da República, o PS absteve-se, enquanto o PCP, o BE e o Partido Ecologista "Os Verdes" votaram contra. .A proposta prevê que a 2 de setembro sejam reapreciados os decretos avaliados pelo Tribunal Constitucional - relativos aos cortes salariais e contribuição de sustentabilidade -, a 4 de setembro seja apreciado e votado o orçamento retificativo e a 11 de setembro seja feita uma eventual discussão e votação de normas do retificativo na especialidade e votação final global do documento..Na apresentação da proposta, o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, justificou a necessidade da realização dos plenários ainda antes do início da 4ª sessão da Legislatura (o primeiro plenário estava agendado apenas para 17 de setembro), "dada a relevância da matéria em causa do ponto de vista económico, financeiro e social para o país".."Há uma urgência que envolve as decisões quer da pronúncia do Tribunal Constitucional, quer da iniciativa do Governo", sublinhou, considerando que "nem o país, nem os portugueses compreenderiam que o parlamento se escudasse num momento de férias" para não tomar decisões..O líder parlamentar do PSD sustentou ainda que as decisões que estão em causa têm implicações quer na execução orçamental de 2014, quer nas metas definidas e nos compromissos assumidos.."O país vive ainda tempos de dificuldade", corroborou o deputado do CDS-PP Telmo Correia, insistindo que o normal numa situação como a atual é "reunir e responder" às questões que se colocam..Pelo PS, o deputado António Braga rejeitou o argumento que apenas esteja em jogo uma "questão procedimental", considerando que se está perante "uma decisão política relevante".."Há uma urgência inusitada para retomar o caminho da 'troika'", criticou, acusando o Governo de querer prosseguir a "verdadeira saga e perseguição" que tem vindo a ser feita à administração pública..António Braga ressalvou, contudo, que "não se opondo o PS à realização dos plenários" extraordinários, continuará a mostrar que o Governo está no "caminho errado"..Pelo contrário, o deputado do PCP António Filipe manifestou a oposição do seu partido aos plenários extraordinários, considerando que a única justificação para a sua realização "é a obsessão quase doentia do Governo em aplicar mais cortes salariais".."Não há nenhuma razão válida para o calendário [parlamentar] ser alterado", frisou..Corroborando a intervenção do PCP, o líder parlamentar do BE, Luís Filipe Soares, reiterou que não há nenhuma justificação para a realização dos plenários extraordinário a não ser "a obsessão do Governo nos cortes salariais"..Luís Filipe Soares repudiou ainda a "instrumentalização" que o Governo quer fazer da Assembleia da República ao "tornar claro que o parlamento não é mais do que uma caixa de carimbos" das suas decisões e recusou dar "um cheque em branco" ao Governo como a maioria está a fazer.."O que está verdadeiramente em causa é que o Governo tem pavor que pessoas se habituem a viver com menos cortes salariais, habituam-se a viver um bocadinho melhor e por isso têm de cortar outra vez", acrescentou a deputada do Partido Ecologista "Os Verdes" Heloísa Apolónia.