O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, despediu-se hoje de um contingente de 110 militares portugueses que parte para a República Centro-Africana (RCA), afirmando que a "reputação [dos militares] continua intacta" e que são "o orgulho de Portugal"..Na cerimónia de despedida, no Aeroporto de Figo Maduro, Marcelo Rebelo de Sousa disse que não é "um ou 10 casos" que possam vir a acontecer que vão abalar a reputação dos militares naquela que é a décima missão na RCA, numa referência ao caso da "Operação Miríade"..O Presidente da República definiu ainda os militares em "três palavras muito simples": "Vós sois o orgulho de Portugal"..Marcelo Rebelo de Sousa disse também que deverá voltar à República Centro-Africana na primavera de 2022, lembrando que as forças militares portuguesas estão naquele país africano por três razões.."A primeira razão chama-se construção da paz que é inseparável de uma missão também humanitária. A paz, a estabilidade social, o apoio às populações, sobretudo aos mais carenciados, às crianças, às mulheres, aos mais idosos, aos mais dependentes num clima de conflito", observou..Além de fazer referência à "Operação Miríade", o Presidente da República também não esqueceu a crise das migrações, dizendo que as fronteiras da Europa começam em África.."As fronteiras de Portugal começam em África, nestes dias as fronteiras da Europa começam em áfrica, muitos europeus demoraram a perceber isso. Pensavam que as fronteiras começavam no [Oceano] Atlântico ou no [Mar] Mediterrâneo, ou quando muito no norte de África e não perceberam as migrações que avançam rapidamente do centro de África para o norte de África e de África para a Europa", alertou..A Polícia Judiciária (PJ) confirmou em 08 de novembro a execução de 100 mandados de busca e 10 detenções, incluindo de militares e ex-militares, no âmbito da Operação Miríade, na sequência de um inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa..Em causa está a investigação a uma rede criminosa com ligações internacionais e que "se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas"..Em comunicado, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) revelou que alguns militares e portugueses em missões na República Centro-Africana podem ter sido utilizados como "correios" no tráfego de diamantes, adiantando que o caso foi reportado em dezembro de 2019.