Operação da Europol identifica 94 supeitos de exploração e abuso sexual de crianças
Uma equipa de 27 investigadores oriundos de Portugal e mais 20 países ajudaram a Europol a identificar 241 vítimas de exploração e abuso sexual de crianças, permitindo acusar 94 indivíduos de 28 países pela prática dos crimes.
Um relatório divulgado esta sexta-feira pela Europol indica que o trabalho de identificação das vítimas e dos autores dos crimes sexuais demorou duas semanas e decorreu no centro especializado em cibercriminalidade daquele organismo policial europeu.
Mais de 32 milhões de imagens e vídeos estiveram disponíveis na base de dados da Europol, permitindo fazer uma análise detalhada do seu conteúdo e utilizadores, precisou a organização.
No total foram verificadas 584 séries com imagens suscetíveis de configurar tais crimes e, em 91 situações, os países onde foram produzidas receberam informação para avançarem com uma investigação a nível interno, referiu a Europol.
Todas as séries constam de uma base de dados da Europol designada por "Internacional Child Sexual Exploitation".
"Sabemos que quatro olhos veem melhor que dois. Agora imaginem 34 pares de olhos e cérebros trabalhando em conjunto, durante duas semanas, trocando conhecimento e boas práticas. Os olhos vieram da Bélgica, Chipre, Dinamarca, França, Alemanha, Hungria Itália, Letónia, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia, Reino Unido e parceiros vindos da Austrália, Bósnia-Herzegovina, Canadá, Colômbia, Moldávia, Noruega, Suíça e Estados Unidos", indicou a Europol, sublinhando o elevado número de vítimas e infratores identificados nesta operação.
A Europol é uma Agência Europeia de Polícia com mais de 1000 funcionários e sede em Haia. Para apoiar as mais de 40 mil investigações internacionais anuais, esse organismo conta com uma centena de analistas criminais e 220 agentes de ligação.
As suas atividades operacionais abrangem múltiplas áreas, desde o terrorismo aos estupefacientes e ao tráfico de seres humanos, à imigração clandestina organizada, cibercriminalidade, contrafação do euro, branqueamento de capitais e localização de bens ou grupos de motociclistas fora-da-lei.
No seu relatório desta sexta-feira, a Europeu alertou ainda para o crescimento deste tipo de exploração e abuso sexual. Simultaneamente, a Europol organizou o 19º seminário para treinar membros das forças policiais no combate aos crimes de exploração sexual de crianças através da Internet.
O treino, único no género, inclui a análise das mesmas imagens da base de dados da Europol que levaram à indiciação dos 94 abusadores.
A iniciativa visou expandir a comunidade policial que se dedica ao combate desse tipo de crimes. Desde 2000, altura em que se realizou a primeira edição, quase mil membros das forças policiais europeias foram formados neste tipo de combate que inclui diversas vertentes, desde a forense até à investigação financeira.
A Europol tem também em curso uma iniciativa destinada a alargar o combate de tais crimes à sociedade civil, introduzindo mecanismos que permitem aos cidadãos participar o conhecimento de situações de exploração e abuso sexual de crianças.
Desde o início do projeto, em 01 de junho de 2017, mais de 22 mil informações foram enviadas para a Europol, permitindo a identificação de oito crianças e um abusador.