A Assembleia-geral da ONU aprovou esta quarta-feira, pela 25.ª vez, uma resolução que apela para o levantamento do embargo dos Estados Unidos contra Cuba, com a novidade de ter contado com a abstenção da representante de Washington..A resolução, que é anualmente apresentada por Cuba foi aprovada por 191 dos 193 países-membros das Nações Unidas, com as abstenções dos Estados Unidos e de Israel..A abstenção de Washington na votação na ONU segue os apelos do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para que o Congresso norte-americano, dominado pelos conservadores do Partido Republicano, aprove o levantamento do embargo, na sequência da normalização de relações entre os dois países, que restabeleceram relações diplomáticas em julho de 2015.."A resolução que hoje se vota é um exemplo perfeito de que não estava a surtir efeito a política norte-americana de isolar Cuba", defendeu a embaixadora dos EUA na ONU Samantha Power, ao anunciar a decisão.."Em lugar de isolar Cuba (...) a nossa política isolava os EUA. Inclusive aqui, nas Nações Unidas", acrescentou, num discurso recebido com aplausos pelas restantes delegações..A abstenção, assinalou Power, "não significa que os EUA estejam de acordo com todas as políticas e práticas do Governo cubano"..Nesse sentido, reiterou que Washington permanece preocupado com as "graves violações dos direitos humanos" cometidas pelas autoridades do país caribenho, caso das detenções arbitrárias de opositores..O chefe da diplomacia cubana, Bruno Rodríguez, definiu a abstenção norte-americana como "um passo positivo", mas lamentou que o embargo permaneça uma realidade.."É necessário julgar pelos factos. O importante e concreto é a desmontagem do bloqueio, mais que os discursos, os comunicados de imprensa ou mesmo o voto de uma delegação nesta sala", disse..O texto aprovado pela Assembleia geral da ONU reconhece a "vontade reiterada" por Obama em "trabalhar a favor da eliminação do bloqueio económico, comercial e financeiro" e assinala como "positivas" as medidas aprovadas para suavizar esta medida, imposto em 1960 e reforçado a partir de 1962..No entanto, defende que estas ações "continuam a produzir um efeito limitado" e apela à abolição total do embargo..A Assembleia geral, cujas resoluções não são juridicamente vinculativas, tem aprovado anualmente textos, e desde 1992, que solicitam o fim do bloqueio a Cuba..Os EUA e Cuba iniciaram em dezembro de 2014 um processo de normalização bilateral e em julho de 2015 restabeleceram relações diplomáticas, após mais de meio século de animosidade.