Onde é a festa? Wiz Khalifa vai lá estar
Há tipos como Kendrick Lamar ou Kanye West, que são rappers na forma mas no conteúdo são visionários imparáveis (a bem da verdade, não há mais tipos como esses dois, é o que é). E depois há outros como Wiz Khalifa, que explicam ao que vêm em poucas palavras: "good times", tempos bem passados, pedaços de curtição e assim, ainda que a memória possa ser algo difusa e, vá, perdida no meio do fumo.
Khalifa não quer ficar na história como músico influente, rapper inovador ou artista memorável. Se quer, não está a fazer bem a coisa. O que de certeza vai conseguir, enquanto se mantiver como está, é ser homem de festa, o verdadeiro MC no meio do povo que o aplaude pelo menos naquele momento, ainda que no dia seguinte possa não existir grande história para contar. Que é o mesmo que dizer que Wiz Khalifa é o nome ideal para o cartaz do festival Sudoeste. Está marcado, dia 4 de agosto, na Zambujeira do Mar.
Não importa se houver quem não lhe conheça as rimas e as canções. Ainda que seja menos dado à criatividade, e que demonstre menos arte na hora de transformar uma noite bem fumada numa canção de corpo coeso, Wiz Khalifa é um descendente claro das manias de heróis como Snoop Dogg. O beat certo para as mãos no ar, os versos de métrica curta e inglês pouco exigente, o ar cuidadosamente desleixado para nos fazer crer que "estamos nisto juntos".
A receita é óbvia mas não ofende ninguém, todos precisamos de um amigo de vez em quando. E Wiz é nome de amigo. Para a vida não, nada disso, mas que o seja durante umas horas, tudo bem. Com um festival de verão como cenário, talvez a produção cuidada em exagero que costuma passar pelos discos de Khalifa se dilua pelo meio da planície e algo mais inesperado aconteça. Até porque o costume é que os melhores momentos deste americano surjam quando não está sozinho, quando a companhia certa faz o que melhor sabe para marcar a diferença. E não é bem isso que vai acontecer em palco.