Onda de solidariedade está a ganhar força em Portugal
A Câmara de Lisboa vai abrir o refeitório municipal de Monsanto para apoiar ucranianos retidos na capital e criar um centro de acolhimento de emergência para refugiados daquele país num pavilhão da Polícia Municipal.
O plano de solidariedade de Lisboa, apresentado pelo autarca Carlos Moedas, divide-se em duas fases, sendo que a primeira passa por "dar um apoio imediato de alimentação, alojamento, vestuário, medicação e apoio psicossocial" aos ucranianos retidos na capital portuguesa, que se estima serem cerca de meia centena. A segunda fase, que será implementada em coordenação com a embaixada da Ucrânia, prevê a construção de "um centro de acolhimento de emergência para refugiados num pavilhão desportivo na sede da Polícia Municipal de Lisboa", na zona da Praça de Espanha, e que assim que for necessário estará pronto em 72 horas.
Também a autarquia de Vila Nova de Gaia vai disponibilizar de "forma total e imediata" o hostel do Parque Biológico, com capacidade para cerca de 50 pessoas, para acolher famílias ucranianas "que cheguem ao concelho nos próximos tempos". A câmara adiantou ainda que "será prestado todo o apoio educativo, alimentar e psicossocial às famílias e crianças deslocadas".
O município de Vagos mostrou-se disponível para "acolher 100 a 200 refugiados ucranianos", sendo que, numa primeira fase, poderão disponibilizar "as várias camas do desporto escolar, no Pavilhão Municipal, onde serão albergados até seguirem para uma solução mais definitiva", esclareceu o autarca Silvério Regalado. A segunda fase passará pela criação de condições para que os refugiados acedam ao mercado de trabalho local.
A Câmara de Baião avançou com a disponibilidade imediata de quatro alojamentos para receber até 26 pessoas, adiantando que pode vir a disponibilizar outras instalações - recuperando e adaptando três antigas escolas primárias desativadas - bem como criar um banco de recolha de bens e alimentos. O município da Guarda criou um gabinete de crise para apoio aos refugiados ucranianos e vai disponibilizar, no imediato, uma capacidade para acolher 125 pessoas.
Mais de 700 advogados portugueses mostraram-se disponíveis em 24 horas para oferecer ajuda pro bono a cidadãos ucranianos que se encontrem em Portugal, bem como aos que venham para o nosso país, revelou a Ordem dos Advogados. Durante a tarde desta segunda-feira foi colocada online uma lista com os nomes e os contactos dos advogados que se voluntariaram.
Também a Ordem dos Notários está a disponibilizar desde sexta-feira um serviço gratuito destinado aos ucranianos que estão em Portugal e precisam de enviar autorizações de saída para os filhos menores que estão na Ucrânia.
Já a Ordem dos Enfermeiros anunciou a disponibilidade para os seus órgãos sociais e "apenas esses para já, e por questões de segurança dos restantes enfermeiros portugueses, resgatarem refugiados ucranianos em zonas de fronteira", adiantando que neste grupo existem vários enfermeiros com formação em catástrofe e "que poderão, de imediato, integrar uma missão oficial em regime pro bono", afirma o organismo liderado por Ana Rita Cavaco.
A Cáritas Portugal vai arrancar com uma campanha de angariação de fundos, até ao fim do mês de março, para ajudar a Cáritas Ucrânia no seu trabalho de apoio direto às populações afetadas com a guerra com a Rússia. Rita Valadas, presidente da Cáritas Portugal, disse que a instituição avançou com o envio de fundos próprios - a Cáritas Portugal anunciou a doação de 20 mil euros à congénere ucraniana, através do Fundo de Emergências Internacionais no dia em que começou o conflito - mas percebeu-se que "não chega". A campanha decorre entre 7 e 30 de março, mas irá sendo avaliada, à medida da evolução dos acontecimentos, sendo divulgada a quantidade de dinheiro que for angariada.
A Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) alertou que Portugal deverá receber da Ucrânia um "número muitíssimo superior" de refugiados em comparação com os últimos programas de recolocação e instou o governo a esclarecer procedimentos para o acolhimento. O coordenador da PAR, André Costa Jorge, lembrou que Portugal recebeu 500 refugiados afegãos, na sequência da tomada de poder pelos talibãs em agosto de 2021, enquanto em Portugal a comunidade de imigrantes ucranianos rondará as cem mil pessoas. "É muito provável que estas pessoas tenham familiares na Ucrânia, que estas cem mil pessoas tragam outras cem mil", sublinhou.
O Governo da Madeira assegurou hoje estar "determinado" em apoiar os mais de 200 turistas ucranianos e russos que ainda estão região, referindo que continua sem resposta por parte da embaixada da Rússia sobre esta situação. A invasão da Ucrânia pela Rússia e o encerramento dos espaços aéreos devido ao conflito apanhou de surpresa 189 turistas ucranianos e 220 russos que estavam de visita à Madeira. Cerca de 80 ucranianos deixaram no sábado a região da Madeira numa operação envolvendo uma ligação a um aeroporto da Lituânia. O voo que deveria transportar no domingo os 220 russos de volta a Moscovo não se concretizou.
Com Lusa