Olímpia ouvida na instrução do caso da morte de Rosalina
Para a audiência, que terminou sem conclusões, tinham sido convocadas seis testemunhas, sendo quatro da acusação e duas da defesa, mas estas não compareceram.
Uma nova audiência foi marcada para 05 de setembro, quando se espera que o juiz decida se o advogado português e ex-deputado do PSD Duarte Lima vai ser julgado por um tribunal de júri.
Duarte Lima é acusado do homicídio qualificado de Rosalina Ribeiro, em 2009, em Saquarema. Rosalina Ribeiro, de quem Duarte Lima era advogado, foi secretária e companheira de Lúcio Tomé Feteira, então já falecido, e mantinha uma disputa com Olímpia Feteira de Menezes sobre a herança do milionário de Vieira de Leiria.
Duarte Lima está detido em prisão domiciliária, em Lisboa, no âmbito de um processo que corre em Portugal no qual é suspeito da prática de crimes de burla qualificada, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, num caso relacionado com a compra de terrenos em Oeiras com dinheiros do banco BPN.
No seu depoimento perante o juiz Pinheiro Machado, Olímpia Feteira afirmou que Rosalina Ribeiro não seria capaz de realizar transferências em contas bancárias no estrangeiro sem a ajuda de terceiros.
"[Rosalina Ribeiro] foi acompanhada, nitidamente. Eram vultosos valores, em diversos bancos, em países de que ela não sabia falar a língua", afirmou a herdeira de Lúcio Tomé Feteira.
A sua afirmação ajuda a corroborar a tese das investigações realizadas no Brasil, que apontam para que a motivação do crime tenha sido o facto de Rosalina se ter negado a assinar um documento que isentaria Duarte Lima da responsabilidade naquelas transferências.
Rosalina Ribeiro, de 74 anos, era secretária e companheira de Feteira, o qual morreu em 2000. Logo após a morte do milionário, a portuguesa realizou várias transferências de dinheiro de contas que possuía em conjunto com Feteira para outras em seu próprio nome, ou de terceiros.
De acordo com o depoimento prestado por Olímpia Feteira, foram transferidos 5,2 milhões de euros para uma conta de Duarte Lima, em cinco depósitos distintos, entre março e maio de 2001.
"Todo o valor que existia na conta [8,9 milhões de euros] foi transferido, sendo 5,2 milhões de euros para Duarte Lima, uma pequena quantia ficou com a Rosalina e o restante ainda foi transferido para outras contas", reafirmou perante o juiz.
Inicialmente, o nome de Olímpia Feteira não constava na lista de testemunhas que deviam ser ouvidas hoje, divulgada pela assessoria do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
A herdeira de Feteira chegou ao tribunal de Saquarema, nos arredores do Rio de Janeiro, acompanhada por dois seguranças e pelos seus advogados em Portugal e no Brasil. O advogado brasileiro, Paulo Freitas, afirmou que a sua cliente aproveitou o facto de ir ao Brasil resolver outras questões para prestar o seu depoimento hoje.
As duas primeiras testemunhas ouvidas nesta sessão foram os comissários de polícia responsáveis pelas investigações, Aurílio Nascimento e Rogério Lima.
Ambos repetiram as informações obtidas durante as investigações, com destaque para as multas de trânsito que comprovam que Duarte Lima esteve no local do crime um dia antes da morte de Rosalina, embora tenha afirmado o contrário à polícia.
Pelo menos mais 11 testemunhas devem ser ouvidas na instrução, sendo cinco por carta rogatória, por viverem noutras cidades, e outras seis na próxima audiência, marcada para 05 de setembro.
A expetativa é de que o juiz Pinheiro Machado decida então se vai pronunciar o ex-deputado português, ou não. Caso seja pronunciado, Duarte Lima será julgado por um tribunal de júri no Brasil.