Uns bonecos pequenos mas que filmados de perto parecem gigantes. Rolos azuis que giram à força de uma manivela para fazer as ondas do mar em plena tempestade. Um quadro cheio de narizes torcidos e de sorrisos mais abertos ou mais amarelos. Cenários que parecem casas de bonecas onde não faltam árvores, flores, areia no chão. A exposição Vincent, Louise, Anatole e os outros... 20 anos do Cinema de Animação da JPL Films, que foi inaugurada esta semana no Museu da Marioneta, no Convento das Bernardas, em Lisboa, é uma viagem pelos "bastidores" da produtora de Jean-Pierre Lemouland que, desde 1995, tem feito filmes de animação absolutamente maravilhosos..Na Monstra - Festival de Cinema de Animação, que se realiza de 16 a 26 deste mês em vários espaços de Lisboa, além de ser possível ver como foram feitos, também vai ser possível ver alguns desses filmes, como O Ciclope do Mar, de Philippe Julien, ou Os Caracóis de José, de Sophie Roze. Uns vão ser apresentados mesmo na sessão retrospetiva da JPL ( no próximo dia 25, 22.00, Cinema City Alvalade), outros estão integrados noutras secções. Por exemplo, Louise à Beira Mar, de Jean-François Laguionie (de que temos alguns estudos na exposição), vai estar na competição de longas-metragens do festival e o seu autor estará por cá a dar uma masterclass (dia 24). E o argentino Juan Pablo Zaramella, que fez O Homem Mais Pequeno do Mundo na JPL não só tem direito a uma retrospetiva só para si (no dia 22, às 22.00, no Cinema Ideal) como estará em Lisboa para dar um workshop e ainda ser júri da competição do festival..Luminaris é um dos filmes de Zaramella que vai estar na retrospetiva:.[youtube:l7Z1VBQkdIM].Fazer animação é como uma doença. Quem é o diz é Fernando Galrito, realizador e diretor da Monstra, que desde 2000 persiste em disseminar este vírus: "Os realizadores sabem que é muito mais difícil fazer filmes assim mas querem contar a história desta maneira, imagem por imagem, fazendo 25 posições nos desenhos ou objetos para ter um segundo no ecrã, trabalhando durante meses para produzir uns minutos de filme.".É um pouco desse trabalho quase laboratorial que é divulgado todos os anos pela Monstra, quer na programação de filmes em sala (são mais de 550 filmes exibidos, com sessões para adultos, famílias e até para bebés, com documentários, filmes de terror, clássicos e experimentais, longas, curtas e curtíssimas), quer nas muitas atividades paralelas - exposições, workshops, sessões em escolas, etc. - com o objetivo de aumentar cada vez mais o público para a animação. "As coisas evoluíram bastante nestes anos. Antes pensava-se que toda a animação se destinava aos miúdos, agora até já acontece haver gente a perguntar-me se pode trazer os filhos para ver este ou aquele filme"..Entre as muitas sessões, uma tem tudo para ser especial: um "concerto animado" no dia 18 (23.00, São Jorge) com improvisações do artista visual italiano Cosimo Miorelli e do músico português Fernando Mota..A programação está toda no site oficial do festival - www.monstrafestival.com - e há pelo menos uma sessão já esgotada e com lista de espera: no dia 18, de manhã, um painel dedicado ao tema "Animação e Realidade Virtual" com, entre outros, Rachid El Guerrab (especialista da Google) e Tim Ruffle (realizador da Aardman Animations). Durante todo o dia, quem for ao cinema São Jorge pode participar nas demonstrações de realidade virtual e ver com os seus próprios olhos (ou com uns óculos especiais) como vai ser o cinema de animação do futuro..Em destaque:."Triple X": animação para os mais crescidos.É uma das novidades desta edição: uma sessão com filmes sensuais. Mais ou menos explícitos e com técnicas muito distintas. Quod Libet, do holandês Gerrit van Dijk (1977), poderá ter ligações a Master Blaster, do japonês Sawako Kabuki (2014). Tematicamente, é interessante ver como o sexo é visto de forma tão diferente em La Line, do italiano Osvaldo Cavandoli (1972) e em Mães a Arder, da polaca Joanna Rytel (2016). No dia 18, às 22.00, no Cinema Ideal..Clássicos (e não só) de Itália.Itália é o país convidado desta Monstra. Haverá retrospetivas dos grandes autores (Bruno Bozetto, Enzo D"Alò, Gianluigi Toccafondo, Julia Gromskaya e Simone Massi) mas também veremos obras de jovens realizadores. E ainda: o Dokanim exibe um filme de Marco Bonfatti sobre Bruno Bozetto, chama-se Bozetto non troppo (dia 17, 22.00, Ideal). E haverá exposições no Cinema São Jorge e na Sociedade Nacional de Belas Artes sobre a animação italiana..[youtube:tzQuuoKXVq0].Tim escolheu 14 videoclipes animados.Um videoclipe realizado por Juan Manuel Costa para o tema Doña Ubenza da argentina Mariana Carrizo e outro dos Franz Ferdinand a cantar Right Action realizado pelo sueco Jonas Adell ilustram bem a diversidade do programa da sessão ClipAnim, este ano com curadoria do músico Tim, dos Xutos & Pontapés. Lá estará também Faz bem falar de amor, dos Quinta do Bill com animação de Jorge Ribeiro. É no dia 21, às 22.00, no Cinema Ideal..Dos Óscares para a Monstra.A Minha Vida de Courgette, de Claude Barras (França/ Suíça), era o representante da Suíça ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro este ano. Não chegou à shortlist mas foi nomeado para Melhor Filme de Animação. Pode ser visto nos dias 22 (no São Jorge) e 23 (no Cinema City Alvalade), às 20.00. E ainda: Blind Vaysha, de Theodore Ushev, nomeado ao Óscar de Melhor Curta de Animação, no dia 20, às 22.00, no Cinema Ideal..[youtube:4d9N5Y_sN8Q]