Olá, outono. Vem aí um outubro ligeiramente mais quente e seco do que o normal
Adeus, verão e olá, outono. A nova estação começa nesta segunda-feira - mais precisamente às 08.50 com o início do equinócio de outono que se estende até 22 de dezembro -, com alguma precipitação e frio, que se mantêm ao longo desta semana. E com o outubro já ao virar da esquina, fique a saber que as previsões apontam para um mês com uma ligeira diminuição da chuva e tempo mais quente do que é normal.
Esta primeira semana de outono, sobretudo nos primeiros dias, "vai ser um pouco alternada entre o céu pouco nublado ou mesmo limpo em alguns locais e algumas nuvens que vão aparecer e trazer precipitação", explicou ao DN, no domingo, a meteorologista Ângela Lourenço, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Espera-se chuva, mas nada como a que caiu em todo o território no sábado. "Na região do Minho pode haver alguma precipitação um pouco mais persistente", mas não será como o que aconteceu no início do fim de semana, "que foi a passagem de uma superfície frontal fria típica, até muito parecida com aquelas que acontecem no inverno e que atravessou todo o território", refere a meteorologista.
Mas se a precipitação não se prevê tão intensa no início deste outono, prepare-se para tirar a roupa mais quente do armário porque vai estar mais frio nesta semana. Isto porque vamos ter "superfícies frontais frias que se deslocam no Atlântico". "Elas vão ter um deslocamento para sul e vão afetar principalmente a região norte do território, isto faz que tenhamos temperaturas mais baixas do que tivemos na semana passada, portanto, mais próximas daquilo que é normal para outono, tipicamente entre 20 e 25 graus", especifica Ângela Lourenço.
Já nas regiões do norte do país, em "que está mais nublado", as temperaturas máximas vão andar próximas dos 20 graus Celsius. No sul, os valores "poderão aproximar-se dos 28, 29 graus, porque também predomina o céu pouco nublado ou mesmo limpo", detalha a meteorologista do IPMA.
Aliás, na página do IPMA prevê-se, por exemplo, que não haja precipitação no final da semana para Lisboa e que as temperaturas na capital cheguem aos 28 graus no domingo e aos 29 no sábado. Já Castelo Branco vai chegar aos 29 graus no domingo e aos 30 na segunda-feira.
Mas temperaturas a rondar os 30 graus não serão típicas de verão? A especialista diz que não. São normais tendo em conta que ainda estamos em setembro, um "mês de transição" do verão para o outono.
Valores previstos que são típicos do início do outono, tendo em conta que a estação contempla aproximadamente três meses. No final do outono, as temperaturas serão diferentes, mas já lá vamos.
Relativamente à evolução das semanas seguintes, a começar a 30 de setembro, e que marcam a chegada de outubro, a informação disponível indica que "a precipitação não será muito significativa". Espera-se "uma anomalia negativa da precipitação total mensal", o que significa que haverá menos chuva em relação ao que é normal ocorrer neste mês. O que não quer dizer que não haja dias em que chova muito e dias em que não chova nada, uma vez que estamos a falar de médias, faz questão de esclarecer a meteorologista do IPMA.
As previsões, à data de domingo, apontam para que outubro seja "ligeiramente mais seco e mais quente do que a média", indica Ângela Lourenço, uma vez que "a tendência aponta para que se mantenham as temperaturas mais típicas de setembro", ou seja, mais próximas das de verão do que de outono, sobretudo no interior do país.
Em relação à precipitação, os valores estarão abaixo do habitual, podendo a primeira semana ser "mais seca do que é normal" para os valores típicos deste mês.
Em outubro, as temperaturas médias andam na casa dos 20 graus (máxima). "Aproximadamente, entre 17 e 23 graus, em média", mas quando se fala de um mês ligeiramente mais quente podemos estar falar de um intervalo que vai entre os 20 e os 27 graus. Mas são médias, faz questão de salvaguardar a especialista. "Não quer dizer que no mês de outubro não haja dias mais frios e outros mais quentes", diz, acrescentando que a previsão mensal é atualizada todas as semanas.
A previsão sazonal, mais espaçada no tempo e, por isso, feita ainda com mais reserva do que a mensal, indica, no entanto, que em relação à temperatura há um ligeiro aumento para os meses de novembro e dezembro. "Estamos a falar de 0,25 graus acima da média", o que representa um sinal estatístico "muito pequeno". É o que mostram os mapas do IPMA, referentes aos últimos dois meses do ano, que têm como data de referência 1 de setembro, e mostram uma "anomalia positiva", ou seja, um ligeiro aumento da temperatura média mensal.
Já em relação à chuva, "não há sinal de que seja estatisticamente representativa", o que pode significar que novembro e dezembro serão meses com valores normais para a época.
Os efeitos das alterações climáticas fazem-se sentir cada vez mais, exemplo disso mesmo são os fenómenos extremos de calor, como aconteceu neste verão na Europa, e acabam por interferir nas previsões meteorológicas. "Se acrescentarmos uma variável que é o facto de haver esta possibilidade de alteração do clima" isso pode acrescentar dificuldade na previsibilidade, considera Ângela Lourenço.
"De facto, o processo de alterações climáticas pode aumentar a dificuldade em perceber o que é normal e o que não é. Isso pode acontecer", diz a especialista do IPMA. Pode dificultar o trabalho dos meteorologistas, mas Ângela Lourenço sublinha que "a ciência vai avançando e os modelos que servem de base às previsões também vão melhorando". Pode existir uma dificuldade acrescida, mas esta é compensada com melhores ferramentas no trabalho de previsão meteorológica.
Neste ano, o outono começa exatamente às 08.50 desta segunda-feira. É este instante que marca o início do outono no hemisfério norte. Esta estação prolonga-se até ao próximo solstício que ocorre no dia 22 de dezembro às 04.19, como refere o Observatório Astronómico de Lisboa.
Trata-se do instante em que o Sol, no seu movimento anual aparente, passa no equador celeste, o que significa o início do tempo frio.
"No equinócio a duração do dia é cerca de sete minutos maior do que a duração da noite. Só uns dias mais tarde, quando o Sol tiver uma declinação um pouco menor, teremos a duração da noite e do dia efetivamente iguais. Isso acontecerá no dia 26 de setembro de 2019, em que haverá muito perto de 12 horas de luz solar direta no solo. Nesse dia o disco solar nasce às 07.27.26 e põe-se às 19.27.49 (em Lisboa), diferindo a duração do dia e da noite em apenas 23 segundos", conforme explica o Observatório Astronómico de Lisboa.