Oficiais da PSP ainda poupados às "falhas" no controlo das armas

O CDS afirma ter informações de que, além das 57 Glock, desapareceram mais 27 Walther da PSP. Ministra negou
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Nenhum dos oficiais superiores da PSP com responsabilidades na segurança das instalações, de onde desapareceram as 57 pistolas Glock - quatro das quais entretanto apreendidas a criminosos - foi ainda alvo de processo disciplinar ou substituído, mantendo-se suspensos apenas os dois agentes diretamente responsáveis pelo armeiro.

Ontem, em audição parlamentar, a pedido do PSD, a ministra da Administração Interna revelou que as conclusões "preliminares" do inquérito interno que está a decorrer, aponta, para "erros ou falhas na supervisão e controlo" desse material, que facilitaram o desvio das armas, com respetivos carregadores e munições.

Constança Urbano de Sousa sublinhou que, caso o relatório final do inquérito confirme essas fragilidades, "necessariamente haverá consequências de vários tipos, entre as quais as disciplinares".Questionada a porta-voz do seu gabinete sobre se estavam implícitas demissões na cadeia hierárquica, acima dos agentes suspensos, respondeu que "para já não há conclusões a tirar".

O inquérito só está concluído no final do mês e decorre em paralelo com a investigação criminal, titulada pelo Ministério Público e que está a ser executada pela própria PSP. A ministra garantiu aos deputados que, entretanto, já "foram tomadas medidas de reforço no controlo e supervisão, garantindo que este foi um caso isolado em toda a estrutura nacional da polícia.

Caso venham a haver "consequências disciplinares", tendo em conta a segregação de funções, um dos oficiais superiores que pode ser atingido é o anterior diretor do Departamento de Apoio Geral (DAG), superintendente Paulo Sampaio, que Constança Urbano de Sousa escolheu para representar o ministério da Administração Interna (MAI), como oficial de ligação na Guiné Bissau, onde se encontra desde o passado mês de fevereiro. Ainda não foi chamado a depor no processo interno nem na investigação, mas ao que o DN apurou já manifestou a sua disponibilidade para dar explicações. Paulo Sampaio dependia diretamente do Diretor Nacional da PSP, Luís Farinha. O DAG era um departamento com recursos limitados.

O MAI não responde igualmente à pergunta sobre se está a ser equacionada a substituição deste oficial de ligação, tendo em conta a sua direta responsabilidade nos procedimentos de controlo e supervisão do depósito das armas.

Mais armas desviadas?

Durante a audição, Constança Urbano de Sousa foi confrontada com uma pergunta do CDS sobre se as Glock eram as únicas armas desaparecidas. O deputado Telmo Correia deu a entender que havia outras pistolas, mais antigas (Walthers 7.65), também fora do radar da PSP, embora sem avançar números. A ministra refutou, garantindo que as únicas armas dadas como desaparecidas eram "apenas as 57 pistolas Glock" e que essa era a conclusão da contagem nacional, feita em todos os comandos, realizada após ter sido apreendida uma das Glock, a um suspeito traficante no Porto, e que desencadeou toda a investigação.

À margem da audição Telmo Correia explicou ao DN que o CDS tinha recebido "informações" da PSP, segundo as quais haveria mais armas desaparecidas, num total de 27 Walthers. "Não temos forma de o provar, mas quisemos deixar registada a nossa grande preocupação e saber se a Sra. Ministra tinha conhecimento. Aparentemente não tem, o que pode querer dizer que não passam de rumores".

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