Obra satírica valeu-lhe as torturas na prisão que desenhou como testemunho

Para que os outros pudessem imaginar o que viu, e como "terapia", Sergey Zakharov, detido pelos separatistas pró-russos depois de assinar obras satíricas, fez dos seus desenhos o relato do cativeiro.
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"Fui capturado ao pé de minha casa. Em relação às pessoas que também foram raptadas, não as conhecia mas, enquanto estava no cativeiro, as caves estavam cheias deles e eu assistia a como mandavam gente para lá todos os dias." Sergey Zakharov, artista ucraniano, escreve ao DN a partir de Kiev, onde continua a desenhar as cenas de tortura que ocorreram durante o seu cativeiro nas mãos dos separatistas pró-russos. Mas, antes dessa quase banda desenhada feita testemunho, é preciso voltar atrás.

Verão de 2014 em pleno conflito entre os separatistas pró-russos e as forças ucranianas no Leste do país. Uma rua de Donetsk. Just Do It, ordenava um contraplacado pintado por Sergey Zakharov ao então líder militar dos rebeldes pró-russos em Donetsk, Igor Girkin, conhecido como Igor Strelkov, com uma pistola apontada à cabeça. Esta foi a terceira obra deste designer de interiores e mobiliário de profissão na cidade onde nasceu e cresceu desde 11 de julho quando, pela primeira vez, levou a sua arte à rua.

"No verão a cidade já estava completamente à mercê dos bandidos armados e o mais trágico no meio disto era que os habitantes da cidade caíram na conversa. As minhas obras dirigiam-se à população de Donetsk com o objetivo de mostrar, aos que estavam a cair numa ilusão, que a República Popular de Donetsk [RPD] não é aquilo que mostrava ser e, aos que permaneceram do lado da Ucrânia, que eles não estavam sozinhos."

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