Obama pede às empresas de tecnologia que parem de dividir a sociedade e minar a democracia

Ex-presidente dos Estados Unidos disse que as plataformas online descobriram que "conteúdo inflamatório e polarizador" atrai audiências online com dinheiro a ser ganho às custas da democracia e pediu regras mais rígidas para grandes empresas de tecnologia.
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O antigo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, criticou esta quinta-feira Silicon Valley, pedindo às empresas de tecnologia que parem de dividir a sociedade e minar a democracia, e que os líderes políticos ajudem a guiar esse caminho com regulamentação.

Obama disse que as plataformas online descobriram que "conteúdo inflamatório e polarizador" atrai audiências online com dinheiro a ser ganho às custas da democracia.

"É que na competição entre verdade e falsidade, cooperação e conflito, o próprio design dessas plataformas parece estar a inclinar-se na direção errada", afirmou Obama num evento do Stanford Cyber ​​Policy Center.

Obama defendeu a alteração da lei americana conhecida como Secção 230, que poupa as plataformas da responsabilidade pelo que os utilizadores partilham nas mesmas.

"Essas grandes plataformas precisam de estar sujeitas a algum nível de supervisão e regulamentação pública", disse Obama.

"Precisamos de considerar reformas na Secção 230 para levar em conta essas mudanças, incluindo se as plataformas devem ser obrigadas a ter um padrão mais alto de cuidado, quando se trata de publicidade no site", acrescentou.

Obama diz que uma estrutura regulatória elaborada com a contribuição das empresas de tecnologia, comunidades de utilizadores e especialistas do setor para que as plataformas operem de forma eficaz ao mesmo tempo que se retarda a disseminação de conteúdo nocivo. "Além disso, as empresas de tecnologia precisam de ser mais transparentes sobre como operam", aditou.

Segundo o antigo presidente dos Estados Unidos, as plataformas online devem deixar claro que tipo de conteúdo promover. "Os motores de busca e as redes sociais não são apenas a nossa janela para a Internet, elas servem como a nossa principal fonte de notícias e informações. Ninguém nos diz que a janela está embaciada, sujeita a distorções invisíveis e manipulações subtis", frisou.

Obama crê que os Estados Unidos necessitam de dar um melhor exemplo quando se trata de regular os abusos de grandes empresas de tecnologia, colaborando com reguladores europeus, que têm sido mais agressivos.

"A Internet é uma ferramenta. As redes sociais são uma ferramenta. No final de contas, as ferramentas não nos controlam. Nós é que as controlamos e podemos refazê-las", rematou.

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