Obama e Suu Kyi: o abraço simbólico entre dois Nobel da Paz
Um dos artigos da Constituição, herdado da época da junta militar, impede a líder da Liga Nacional para a Democracia (LND), de 69 anos, de se candidatar à Presidência, por ter sido casada com um estrangeiro.
O líder norte-americano e Prémio Nobel da Paz disse aos jornalistas que "o processo de revisão constitucional precisa de refletir a inclusão, em vez da exclusão".
"Não entendo uma disposição que impeça alguém de concorrer à presidência devido à identidade do pai dos seus filhos", afirmou Obama.
A também laureada com o Prémio Nobel da Paz apontou a Constituição do seu país como o principal obstáculo à concretização de eleições legislativas "justas" no próximo ano. Segundo Aung San Suu Kyi, a Constituição "é injusta e antidemocrática".
O seu partido é, no entanto, referido como tendo hipóteses de ter um bom resultado nas próximas eleições.
Para o Presidente norte-americano, que sublinhou os verdadeiros desafios que a Birmânia deve ainda ultrapassar, a democratização na Birmânia "não foi ainda atingida, nem é irreversível".
Tal como há dois anos, os dois prémios Nobel da Paz encontraram-se na residência de Aung San Suu Kyi, ícone da democracia, onde passou vários anos em prisão domiciliária até à auto dissolução, em 2011, da junta militar que esteve no poder durante cerca de 50 anos. Trocaram um abraço caloroso e cheio de simbolismo.
Entre os dois encontros, aumentaram os receios em relação à transição democrática na Birmânia, descreve a AFP. E alguns dias antes da chegada do presidente Obama, Aung San Suu Kyi disse acreditar que o processo de transição foi "manipulado".
A violência contra a minoria muçulmana Rohingya, a incerteza substancial sobre as regras que vão reger as eleições legislativas, e as ameaças à liberdade de imprensa são algumas das preocupações descritas como entraves à democratização no país.