Obama avisa que terroristas não podem ter acesso à arma nuclear
O presidente Barack Obama considerou ontem ser real a ameaça de grupos terroristas se dotarem da "arma nuclear", que "estes loucos não hesitariam para matar o maior número de pessoas possível". Citando especificamente o Estado Islâmico (EI) e a Al-Qaeda, o dirigente americano destacou a importância da ratificação de um tratado assinado por 102 Estados sobre a proteção física de materiais nucleares, que entrará em vigor em breve. Ou seja, o "nosso mundo mudaria para sempre", avisou o presidente dos EUA.
Obama falava no segundo e último dia da 4.ª Cimeira sobre Segurança Nuclear, em Washington, onde anunciou ainda que os Estados Unidos e a China vão cooperar na "aplicação total" das mais recentes sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas à Coreia do Norte.
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As sanções, definidas num projeto de resolução elaborado pelos EUA e China e aprovada por unanimidade no Conselho de Segurança em março, são a resposta ao quarto teste nuclear do regime de Pyongyang, em janeiro, a que se seguiu, em fevereiro, o lançamento de um míssil de longo alcance.
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Ainda ontem, o embaixador norte-coreano junto da ONU, em Genebra, So Se Pyong, numa entrevista à Reuters, declarava que Pyongyang não desistiria de se dotar "da dissuasão nuclear" suficiente para enfrentar os EUA e a Coreia do Sul, dizendo que a desnuclearização da península deixara de fazer sentido. O diplomata norte-coreano, na linha da retórica hiperbólica que caracteriza o regime de Pyongyang declarou que as importantes manobras militares conjuntas EUA-Coreia do Sul atualmente em curso visavam a "decapitação da liderança suprema" da Coreia do Norte e que se vive agora um estado de "semiguerra" na região. Como a confirmar as palavras de So Se Pyong sobre as intenções do regime de Pyongyang, um porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul afirmou às agências que a Coreia do Norte procedera a novo lançamento de míssil balístico a partir da sua costa Leste.
Tratado de paz
So Se Pyong enunciou ainda aquela que é uma das reivindicações centrais de Pyongyang, a negociação de um tratado de paz com Washington. "Se os EUA puserem fim à política hostil" para com a Coreia do Norte "e pensarem num tratado de paz, algo pode ser diferente". Após a guerra de 1950-1953 na península coreana que envolveu, de um lado, a Coreia do Norte, ativamente apoiada pela então União Soviética e República Popular da China, e, do outro, a Coreia do Sul, defendida por uma coligação internacional, sob a bandeira da ONU, o conflito cessou com um armistício, não tendo sido assinado até hoje qualquer tratado de paz.
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Sobre a questão da Coreia do Norte, o presidente chinês indicou que Pequim iria aplicar "na íntegra" as novas sanções a Pyongyang, mas não deixou de salientar que a solução para as tensões na península coreana passa pelo retomar das negociações a seis - as duas Coreias, China, EUA, Japão e Rússia - suspensas desde 2009.
Pequim tem insistido no reatar do processo desde 2013, mas Coreia do Sul, EUA e Japão referem como fator impeditivo a linha de atuação de Pyongyang, dos sucessivos testes nucleares à reativação de instalações ligadas a este programa e ao lançamento de mísseis balísticos. Outras ações incluem o afundamento da corveta sul-coreana Cheonan em 2010, o que Pyongyang nega, e ainda no mesmo ano o bombardeamento da ilha de Yeonpyeong.