Obama ainda não é Presidente mas já está a trabalhar

Os americanos escolheram Obama para Presidente, mas a vitória só em Dezembro será confirmada pelo Colégio Eleitoral. Até lá, a Administração vai ganhando forma: Rahm Emanuel será chefe de gabinete e David Axelrod conselheiro. Obama fala hoje aos media sobre a crise económica.
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Ainda faltam 75 dias para a tomada de posse de Barack Obama, mas o Presidente eleito dos EUA começa já hoje a receber os dossiers dos serviços secretos. Uma forma de o sucessor de George W. Bush se inteirar dos desafios que o esperam quando prestar juramento, frente ao Capitólio, a 20 de Janeiro de 2009. E não são poucos. Com a crise económica mundial a liderar a lista, Obama marcou para hoje uma conferência de imprensa sobre o assunto.


Sem tempo para celebrar a vitória que fez dele o primeiro presidente negro dos EUA, Obama já começou a trabalhar na sua Administração. Para o ajudar nessa tarefa, conta com Rahm Emanuel, antigo conselheiro do presidente Bill Clinton.


Apelidado de "Rambo" pelos colegas, o congressista do Ilinóis aceitou ontem o cargo de chefe de gabinete de Obama , o equivalente americano às funções de primeiro-ministro na Europa. David Axelrod, estrategista da campanha de Obama , foi também anunciado como principal conselheiro do futuro Presidente.
O diário britânico The Guardian alertava ontem para a importância da equipa do Presidente, recordando que Clinton perdeu a oportunidade de fazer avançar as suas reformas ao nomear Zoe Baird, envolvida num escândalo com imigrantes ilegais, como procuradora-geral. "Estes rapazes estão muito bem preparados", explicou ao Guardian Paul Light, da Universidade de Nova Iorque. Para o professor, a equipa de Obama tem "a transição mais bem planeada desde que se começaram a planear as transições".


E a Administração Bush já prometeu toda a cooperação. Num discurso frente à Casa Branca, Bush anunciou ontem que tenciona reunir-se com o sucessor na segunda-feira para debater os grandes dossiers. E traçou o Iraque e a crise económica como prioridades. Rodeado pelos membros da Administração, o Presidente cessante recordou que esta é "a primeira transição em tempo de guerra em quatro décadas" e referiu contar com Obama na cimeira de dia 15 que irá reunir os líderes mundiais em Washington. Bush disse estar feliz por poder trabalhar com o seu sucessor e brincou com os funcionários da Casa Branca. "Alguns de vocês devem estar a pensar o que vão fazer agora. Como vos compreendo", declarou, arrancando gargalhadas à assistência.


Obama começará assim a inteirar-se dos assuntos de Estado ainda antes de ser oficialmente eleito. O Colégio Eleitoral (ver caixa), que designa o vencedor das eleições nos EUA, só deverá confirmar o resultado em Dezembro.


Com problemas por resolver como a recessão, os conflitos no Iraque e Afeganistão ou o facto de 47 milhões de americanos não possuírem seguro de saúde, Obama tem pela frente "a transição mais difícil desde Abraham Lincoln", afirmou Light, citado desta vez pelo Washington Post, comparando os desafios de Obama aos do primeiro presidente republicano, que, entre a eleição e a tomada de posse enfrentou a secessão de sete estados da União.

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