O vestido de Marilyn vale 4,5 milhões. E ela?

A estrela de Hollywood estava a usá-lo quando cantou os parabéns a John Kennedy em 1962. Na quinta-feira, bateu recordes em leilão
Publicado a
Atualizado a

O martelo soou ao som dos 4,8 milhões de dólares (4,5 milhões de euros), valor por que foi arrematado na quinta-feira o icónico vestido com que Marilyn Monroe cantou Happy Birthday Mr. President a John F. Kennedy. Foi a 19 de maio de 1962. O Presidente dos Estados Unidos fazia 45 anos e a estrela de Hollywood, que nasceu Norma Jean, subiu ao palco para lhe cantar os parabéns num tom que nunca ninguém soube imitar.

[youtube:Y74oWon5VTo]

Ela seria encontrada morta, de overdose, menos de três meses depois, aos 36 anos, e Kennedy seria assassinado a 22 de novembro de 1963. Mas daquela noite de angariação de fundos democrata no Madison Square Garden, em Nova Iorque, resta este vestido com mais de 2500 cristais cosidos à mão e que o famoso estilista de Hollywood Jean Louis terá criado a pedido da própria atriz, que lhe pediu "um vestido que só a Marilyn Monroe pudesse usar".

Diz-se que, de tão justo, o vestido foi cosido no próprio corpo de Marilyn. Na quinta-feira, num leilão da Julien"s Auctions em Los Angeles, bateu recordes ao ser arrematado pela cadeia de museus Ripley"s Believe It Or Not. Estimado em três milhões, o vestido ultrapassou aquele que Marilyn usara em The Seven Year Itch (O Pecado Mora ao Lado, de Billy Wilder, 1955), arrematado em 2011 por 4,6 milhões de dólares.

"Acreditamos que esta é a peça mais icónica da cultura pop que existe. No século XX não consigo pensar num único item que conte a história dos anos 1960 tão bem como este vestido", disse o vice-presidente dos museus Ripley"s Believe It Or Not, Edward Meyer, à Press Association, acrescentando que é provável que o vestido seja exibido no museu de Hollywood antes de ser mostrado pelo mundo.

No mesmo leilão, que continuou ontem e só termina amanhã, foi ainda arrematado um par de meias de rede pretas que pertenciam a Marilyn por 15 625 dólares (14 375 euros). O valor estimado por aquelas meias - que, se acrescenta alguma coisa à sua descrição, estão rotas - era de 600 a 800 dólares. Nada que se compare, todavia, com o vestido de cocktail que Marilyn usou no filme Some Like It Hot (Quanto mais Quente Melhor, 1959, de Billy Wilder) vendido por 450 mil dólares (421 mil euros).

Antes de ir à praça na quinta-feira, o vestido com que Marilyn cantou a Kennedy - levantando rumores de um caso entre os dois - fora adquirido por um colecionador por 1,27 milhões de dólares num leilão da Christie"s em Nova Iorque em 1999.

A sempre ressuscitada Marilyn

Se o valor por que foi arrematado o vestido de Marilyn na quinta-feira pode espantar pelo valor em causa, não o deveria fazer, contudo, por se tratar de Marilyn. Desde que morreu, em 1962, não se pode contar um período longo sem que Marilyn tenha sido, de algum modo, ressuscitada. Fosse em reproduções de obras como aquela em que Andy Warhol a retratou, em fotografias que nunca deixaram de circular, em exposições, ou no sem número de imitações de Marilyn que qualquer um já terá, por uma vez que fosse, testemunhado. Em 2011, a Dior ressuscitou a sua imagem para um anúncio ao perfume J"Adore - a par de Marlene Dietrich e Grace Kelly - , protagonizado pela atriz Charlize Theron.

Mas não é preciso ir tão longe. Basta recuarmos uns meses. A exposição Marilyn: Celebrating an American Idol - com mais de cem pinturas, fotografias e vídeos - terminou ontem no Canadá: em 2012 tinha começado pelo Brasil a percorrer o mundo. Em julho encerrou Forever Marilyn na Bendigo Art Gallery, Austrália. Entre janeiro e fevereiro, Gentlemen Prefer Blondes mostrou em Londres fotografias de Milton H Greene e Douglas Kirkland da série "In bed with Marilyn" ou em poses de bailarina, como Ballerina Awaiting Her Cue. Marilyn I Wanna Be Loved By You apresenta as fotografias da "última sessão" tiradas por Bert Stern um mês antes da sua morte, no Centre de Arte de Caumont, em Aix-de-Provence, França, até 1 de maio de 2017. O vestido vale agora 4,5 milhões. E ela, que afinal nunca saiu daqui?

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt