O valor sagrado da paz

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Ao longo destes dias vou observando o mundo. Porque não me é indiferente o que ocorre em toda a Humanidade. Como Nunca me foi indiferente o sofrimento dos outros Seres Humanos e das suas inquietações.

A Pandemia que perdura deixa-me perplexo a múltiplos níveis pela indiferença comportamental face às injustiças sociais e a outras violações de Direitos Humanos. O infeliz começo da Guerra entre dois Estados soberanos (Ucrânia e Rússia) inquietam-me ainda mais por saber por experiência vivida no meu amado país de origem as marcas irreversíveis de uma Guerra sem sentido. Claro que têm sido  notáveis e singulares como várias Vozes individuais e Colectivas do Mundo têm tido na Solidariedade ao Povo Ucraniano. À Nação Ucraniana.

Mas não nos esqueçamos do Povo Russo e da Nação Russa. Porque os Estados são as pessoas. Não há Estados abstractos. As Constituições de cada Estado membro da ONU foram redigidas por Mulheres e Homens e conceberam-nas de acordo com o respeito pelos Direitos Fundamentais que definem a bússola para consolidar a relação entre Governos e Governados. Qualquer Guerra deixa marcas que só com vontade e com coragem se conseguem superar. Eu tinha 10 anos de idade quando a cerca de 60 km quilómetros de Luanda o então Exército Regular Zairense tentava invadir a cidade. Todo o Mundo sabe o que viveu o Povo Angolano ao longo de 28 anos de Guerra Civil e como o tecido social e económico foi afectado. É um amargo sabor, duro e triste.

Esta Guerra entre a Rússia e a Ucrânia não tem sentido e a Arte da Diplomacia devia ter-se antecipado preventivamente para evitar este cenário que inunda os alinhamentos de todos os meios de Comunicação Social a nível Global.

A Guerra em qualquer região do Globo não tem razão de ser. Só quem passou por ela e a viveu consegue sentir a angústia de ter que migrar ou fugir para qualquer outro lugar do mundo.

Actualmente assiste-se a uma crescente fragilidade de alguns sistemas democráticos. Democracias ditas robustas confrontam-se com graves problemas. Fala-se de Diplomacia Económica e pouco de Diplomacia Cultural. Fala-se de Diplomacia Económica em detrimento da defesa dos Direitos Humanos. Como podem ser robustas as Democracias em alguns países se em termos internos constata-se que existem violações de Direitos Humanos? Como se explicam estas Violações? O Conflito entre a Ucrânia e a Rússia é uma questão de geopolítica ou de geoestratégia?

Ambos os Estados pertencem às Nações Unidas e se a Carta das Nações Unidas é tão clara o que falhou ao longo deste tempo anterior à materialização da invasão de território ucraniano pela Rússia? Falhou a Arte da Diplomacia? Faltou empenho ou meritocracia? O que falhou sobretudo quando em ambas as capitais existem Representantes Diplomáticos de outros Estados Europeus e não só? O que falhou para garantir o Valor Sagrado da Paz?

Depois de duas Guerras mundiais trágicas, Sistemas Coloniais agressores, a Escravatura, o Holocausto, o Apartheid e todos os outros factos que marcam a História Universal o que nos separa do Diálogo e da promoção da Paz e da Cultura de Proximidade entre Povos?

O Presidente Nelson Mandela referiu o seguinte: "A Paz é a maior arma para o Desenvolvimento  que qualquer Povo pode ter". É verdade. Quem no exercício da função política não tiver esta clara noção em tempos de Globalização não contribui para a promoção da Paz em termos Globais.

São Emergentes Novas Lideranças que Humanizem o Discurso Político. A prevenção de Conflitos, tem que ter por base, a aplicabilidade prática da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

É  preciso desburocratizar a estratégia política. Os sinais deste Novo Tempo deveriam conferir à classe política, a possibilidade de revisitar a História e perceber que todos temos individual e colectivamente de evitar uma terceira Guerra Mundial. Não haverá vencedores. É necessária uma constante visão Humanista face às rápidas mudanças que ocorrem no mundo. As Alterações Climáticas, a crise contínua dos Refugiados, as constantes Violações de Direitos Humanos em todo o mundo são razões e causas mais que suficientes para criar Avenidas do Bem e do Diálogo profícuo em prol do Valor Sagrado da Paz.

Todos temos à escala planetária razões e obrigações para construir Avenidas de Paz e dedicar mais Amor e Fraternidade à Humanidade.

A 26 de Junho de 1945, era assinada a CARTA das NAÇÕES UNIDAS. Os dois primeiros parágrafos referem: " Nós, os Povos das Nações  decididos a preservar as gerações vindouras do flagelo da Guerra que por duas vezes no espaço de uma vida humana trouxe sofrimentos indizíveis à Humanidade" e considerando  que devemos "reafirmar a nossa fé nos Direitos Fundamentais do Homem, na Dignidade e no valor da Pessoa Humana, na Igualdade dos Direitos dos Homens e das Mulheres, assim como das Nações grandes e pequenas".

O que falhou desta antecipada visão face ao futuro e ao presente que vivemos?

Algo falhou que certamente o Devir do tempo explicará.

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