Em duas estreias relativamente próximas, Viver à Margem e este O Benfeitor, Richard Gere deu-nos personagens extremas: no primeiro, um mendigo, no segundo, um multimilionário filantropo.
São filmes que, pelo grau de protagonismo que lhe concedem nesta fase madura da sua carreira, surgem envolvidos por uma certa aura de tributo. De alguma forma, e na comparação entre os dois, isso até resultou em Viver à Margem, um trabalho mais genuíno, de Oren Moverman, mas em O Benfeitor a consequência é apenas a sombra de uma intenção.
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O retrato deste homem sumariza-se no desmesurado apoio financeiro ao jovem casal Dakota Fanning e Theo James, como corolário do sentimento de culpa pela morte dos pais dela, os seus melhores amigos - eis o simbolismo do remorso. E nem mesmo a substância de que ele está dependente, para aplacar a dor, a morfina, extravasa a linha da metáfora.
Andrew Renzi, a assinar a sua primeira longa-metragem, exibe noções de composição e cultura visual, mas, do ponto de vista dramático, tirando Gere (literalmente em casa, Filadélfia), nada mais ganha espessura no filme.
Classificação: *