O treinador que faz dos Barreiros uma fortaleza

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Pouco mais de um ano depois de ter assumido o Marítimo, Daniel Ramos vai ter um teste de fogo à invencibilidade caseira na Liga. Já lá vão 19 jogos e nenhum visitante conseguiu regressar a casa com os três pontos na bagagem, colocando o técnico natural de Vila do Conde em plano de destaque no futebol nacional: apenas cinco adversários escaparam à derrota e somente o Sporting conseguiu marcar mais que uma vez (2-2) no renovado Caldeirão da capital madeirense.

Com uma carreira modesta de jogador, Daniel Ramos foi subindo a pulso no trabalho que abraçou no início do século XXI. O Vilanovense foi o ponto de partida e, curiosamente, já depois de percorrer vários clubes do norte, foi na pérola do Atlântico que conquistou, em 2010/11, o seu único título, o da II Divisão, no U. Madeira. Duas épocas depois, iniciou um ciclo de três anos em Famalicão, clube que vivia uma grave crise mas que levou à II Liga. Seguiu-se o Santa Clara, onde esperava chegar ao primeiro escalão, mas não foi preciso esperar muito: em Setembro de 2016, Carlos Pereira decidiu apostar nele e não se arrependeu. Imbatíveis em casa na I Liga (apenas uma derrota frente ao Sp. Braga, na Taça da Liga), conseguiram chegar à Liga Europa.
Por tudo isto, o trabalho de Daniel Ramos é muito elogiado. Carlos Jorge, antigo capitão, não esconde a satisfação: "O balanço é excelente, sempre a progredir. Montou uma equipa consistente, que sabe o que fazer quando está em campo."

Medo de ir à Madeira

Sobre o registo caseiro, o ex-central classifica-o como "fantástico", destacando a "questão psicológica" do feito, fruto de "um trabalho brilhante". "Junto com os três grandes, o Marítimo é a equipa com melhor performance caseira e já todos têm medo de vir jogar à Madeira. Mas este Marítimo é forte também fora."
Para Carlos Jorge, o técnico dos verde rubros "é extremamente humilde e isso reflete-se na equipa". "Os treinadores têm de estar muito ligados aos jogadores, como se fossem um deles. Isto é fruto de um trabalho rigoroso e da forte ligação que tem com os jogadores", disse ao DN.
Se no balneário o trabalho é apreciado, fora dele não lhe fica atrás. "Os adeptos olham para ele com grande satisfação e ficaram preocupados com a possibilidade de ele sair", referiu Carlos Jorge, mostrando-se convicto que o técnico "vai ficar pouco tempo" ali: "O futebol promove as pessoas em pouco tempo. Olhe o exemplo do Rui Vitória, que há poucos anos estava no Paços e Vitória. Daniel Ramos tem valor para chegar a um grande."

Benfica preocupado

Hoje chega a vez da receção ao Benfica, com as equipas separadas por um ponto. Carlos Jorge, que vai estar no estádio a ver o encontro ao vivo, acredita que a derrota (0-5) do Benfica na Liga dos Campeões só vai dificultar a tarefa da formação madeirense.
"Para o Marítimo é capaz de ter sido mau. Ao perder da forma que perdeu, é como se houvesse uma tempestade no Benfica, que vai ser obrigado a ganhar na Madeira. O Marítimo pode tirar proveito de alguma intranquilidade mas tenho a certeza que os jogadores do Benfica vão estar concentrados ao máximo, até porque os adeptos não perdoam empates, quanto mais derrotas", disse o ex-jogador, considerando que será benéfico para o Marítimo se sair na frente do marcador.
"Se o Marítimo conseguir marcar primeiro, pode desconcentrá-los. Acredito que, neste momento, o Benfica está mais preocupado com o Marítimo do que o contrário. O Marítimo não tem nada a perder, se sair derrotado é normal, dada a diferença de orçamento entre as duas equipas, mas os melhores também perdem", disse o ex-jogador, que acredita que o seu clube "pode repetir a ida à Europa". "Dos candidatos é o que se encontra melhor."

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