"O tamanho e o impacto do tsunami em si foi superior ao alerta"

Save the Children tenta ajudar as crianças vítimas dos dois sismos e do tsunami na Indonésia. "Algumas das crianças afetadas perderam os seus pais ou membros da família durante o desastre", diz ao DN Fajar Jasmin, responsável pela comunicação da organização não-governamental na Indonésia.
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Fajar Jasmin, responsável pela comunicação da Save the Children na Indonésia, diz em entrevista ao DN que, para já, há 650 mil pessoas afetadas pelos sismos de sexta-feira na ilha indonésia de Celebes - e consequente tsunami. Dessas, 150 mil são crianças.

"Algumas destas crianças afetadas perderam os seus pais ou membros da família durante o desastre", refere o mesmo responsável, sobre a tragédia que fez mais de 1400 mortos.

Jasmin descreveu uma situação muito difícil no terreno para quem procura ajudar as vítimas: "A eletricidade voltou, mas de forma intermitente, de forma rotativa entre as diferentes áreas. Muitas estradas não só estão bloqueadas por deslizamentos de terras como também estão destruídas em vários pontos. E isto acontece não apenas nas estradas dentro das zonas afetadas mas também nas que estabelecem ligação a outras áreas."

A organização Save the Children trabalha na Indonésia desde 1976. Se compararmos a situação atual com a do tsunami de 2004, quais as particularidades que vê nesta situação?
Acreditamos que não há dois desastres iguais e, como tal, não podem ser comparados. Em Palu, o maior problema são os acessos. Estradas e pontes estão destruídas, os aeroportos reabriram, mas com capacidade limitada. Isto fez abrandar consideravelmente os esforços de distribuição de ajuda.

Como descreve a situação no terreno? Ainda há falta de energia? As estradas ainda estão bloqueadas? Há pilhagens?
A eletricidade voltou, mas de forma intermitente, de forma rotativa entre as diferentes áreas. Muitas estradas não só estão bloqueadas por deslizamentos de terras como também estão destruídas em vários pontos. E isto acontece não apenas nas estradas dentro das zonas afetadas mas também nas que estabelecem ligação a outras áreas.

Quantas crianças foram afetadas?
Os últimos dados oficiais confirmados apontam para 650 mil pessoas afetadas e, dessas, 150 mil são crianças. Contudo, é muito provável que acabemos com números muito mais elevados uma vez que a verdadeira extensão do desastre ainda está a emergir.

Há muitos órfãos?
Algumas destas crianças afetadas perderam os seus pais ou membros da família durante o desastre. Ainda tem que haver levantamento dos números finais.

O governo indonésio tem sido alvo de algumas críticas. O sistema de alerta de tsunami teve falhas?
Não. O alerta de tsunami foi emitido antes de o tsunami atingir terra. O tamanho e o impacto do tsunami em si foi superior ao alerta. No entanto, é sabido que os tsunamis são muito difíceis de prever. O governo irá avaliar o que se passou para retirar daí lições e perceber melhor o sucedido. Há sempre necessidade de melhorar o estado de prontidão, apoiamos isso, ao mesmo tempo que compreendemos as complexidades da geologia.

Qual é a prioridade agora?
Acima de tudo, é preciso garantir que as crianças estão a salvo. Depois é preciso corresponder às suas necessidades básicas. E é por isso que estamos a distribuir kits de abrigo e kits de higiene. Para seguir em diante, também estamos a estabelecer espaços amigos das crianças, onde possam prosseguir com a sua educação e garantir que as suas atividades diárias sofrem o mínimo de perturbações possível.

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