O suspeito n.º 1 Putin fala nos "erros" de Prigozhin e envia condolências

Presidente quebrou silêncio após a morte do líder do Grupo Wagner. EUA suspeitam de explosão a bordo, mas não de um míssil.
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O presidente russo, Vladimir Putin, quebrou esta quintaa-feira o silêncio sobre a queda de avião em que seguia o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, enviando condolências às famílias das dez pessoas a bordo. Sobre o antigo aliado transformado em inimigo, após a rebelião que há dois meses ficou às portas de Moscovo, disse que era um "empresário talentoso" que "cometeu erros graves na vida" mas que "obteve os resultados que precisava". Isso não evita contudo que Putin seja visto como o suspeito número um da sua morte.

"Não é coincidência que o mundo inteiro esteja agora a olhar para o Kremlin quando um ex-assessor de Putin caiu literalmente em desgraça, repentinamente do céu, dois meses depois de tentar uma rebelião", disse a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock. A homóloga francesa, Catherine Colonna, ironizou dizendo que "a taxa de mortalidade das pessoas próximas a Putin é particularmente alta". O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a Ucrânia "não tem nada a ver" com a morte. "Penso que toda a gente sabe a quem isto diz respeito", afirmou.

O Pentágono acredita que a queda do avião, que fazia a ligação entre Moscovo e São Petersburgo, foi causada por uma explosão a bordo, não tendo contudo sido detetado qualquer lançamento de míssil - nas redes sociais algumas contas ligadas ao Grupo Wagner apontavam para esta teoria. Os oficiais norte-americanos falam da possibilidade de uma bomba ou outro engenho explosivo terem sido colocados a bordo, não excluindo a ideia de que o combustível também possa ter sido adulterado. Putin, na sua intervenção, prometeu "levar até ao fim" a investigação sobre a morte de Prigozhin e de outros elementos do Grupo Wagner, entre eles Dmitry Utkin.

O 32.º aniversário da independência da Ucrânia foi o segundo assinalado desde a invasão russa. Numa operação simbólica, as tropas ucranianas desembarcaram durante a noite na península da Crimeia (ocupada ilegalmente pela Rússia desde 2014), perto das localidades de Olenivka e Mayak,trocando tiros com as tropas russas lá estacionadas e hasteando uma bandeira da Ucrânia.

Segundo o Ministério da Defesa ucraniano, todos os objetivos da "operação especial" foram alcançados, sem especificar contudo quais eram. Além disso, não houve baixas do lado ucraniano. Mas "o inimigo sofreu perdas", não só a nível humano mas também de equipamento militar. Um vídeo do momento em que a bandeira foi hasteada foi partilhado nas redes sociais.

Como "prenda" do aniversário da independência, o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store, anunciou numa visita surpresa a Kiev que a Noruega vai doar caças F-16. Os pormenores serão conhecidos mais tarde. É o terceiro país, depois da Dinamarca e dos Países Baixos, a enviar os caças. Os pilotos ucranianos começam a receber treino dos EUA em outubro.

O "presente" russo foi um míssil que atingiu o centro de Dnipro, causando ferimentos em pelo menos dez pessoas, além de bombardeamentos em Kherson, deixando uma menina de sete anos ferida.

susana.f.salvador@dn.pt

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