"O SNS respondeu, está a responder e continuará a responder à pandemia e ao seu impacto"
Depois de dar conta da situação epidemiológica do país, que atingiu esta sexta-feira novos máximos, com 4656 novos casos confirmados, 40 mortes, 1927 internados, dos quais 275 em cuidados intensivos, tem uma taxa de letalidade global de 1,81% que sobre para 10,5% entre as pessoas com mais de 70 anos e teve nos últimos sete dias uma média diária de casos de 3 546, o secretário de Estado da Saúde chamou a atenção para o facto de estes números serem claramente superiores aos verificado em março e abril e colocarem uma pressão adicional sobre o Serviço Nacional de Saúde, apesar de nos últimos meses este se ter preparado para responder a um cenário deste tipo.
"O SNS respondeu, está a responder e continuará a responder à pandemia e ao seu impacto", garantiu Diogo Serras Lopes, adiantando que ontem foram alocadas mais 617 camas em enfermaria e 90 em unidades de cuidados intensivos no SNS para doentes covid, numa altura em que a taxa de ocupação das primeiras é de 84% e das segundas de 81%.
"Sabemos todos que continuaremos a enfrentar semanas difíceis desta pandemia. Quero deixar claro que a capacidade atual do serviço e do sistema nacional de saúde continuará a ser expandida na medida do necessário para garantirmos os melhores cuidados de saúde a todos num contexto de incerteza e de evolução rápida da pandemia a nível global", disse o responsável governativo, que salientou que a par da resposta da SNS espera-se da população os comportamentos responsáveis e o respeito pelas medidas que permitam diminuir os contágios e reduzir o número de novos casos.
Questionado sobre os dados do Instituto Nacional de Estatística, divulgados esta sexta-feira, que apontam para um excesso de mortalidade só em 27,5% atribuível à covid-19, Diogo Serras Lopes escusou-se a comentar, justificando que a questão será estudada, os estudos levam tempo e é por isso prematuro neste momento qualquer comentário.
Também a situação nos cuidados de saúde primários, nomeadamente a (não) resposta dos centros de saúde aos mais velhos e menos familiarizados com as novas tecnologias, que as teleconsultas pressupõem, o responsável político considerou que esta seria uma "questão mais técnica", concedendo que os mais jovens estariam de facto mais aptos a esta modalidade atualmente adotada preferencialmente nos centros de saúde.
Quanto aos "mapas de risco", que noutros países da Europa, como o Reino Unido ou a Alemanha, são partilhados com a população, para dar conta das regiões com maior nível de contágios, Diogo Serras Lopes esclareceu que em Portugal são "instrumentos de trabalho das autoridades" de saúde e políticas para avaliação da situação em cada região e apoio à tomada de decisão sobre medidas a adotar, mas "não para divulgação".
Sobre uma vacina para a covid-19, o secretário de Estado da Saúde disse que Portugal está a acompanhar, esperando que "entre o final deste ano e o princípio do próximo uma vacina esteja disponível. Como sabem, Portugal faz parte da compra europeia da vacina e é algo que aguardamos com expectativa. Os planos dependem de que vacinas estarão disponíveis, em que quantidade em que altura", disse.
Já em relação à falta de vacinas da gripe sazonal, o secretário de Estado da Saúde, explicou-a com o aumento da procura a nível mundial e a incapacidade de resposta por parte dos laboratórios, salientando o que este ano Portugal aumentou consideravelmente [mais meio milhão de unidade] o stock adquirido pelo Serviço Nacional de Saúde para as pessoas que têm direito a vacinação gratuita.
O Norte do país, a região neste momento mais afetada pela pandemia [com mais 2 831 novos casos confirmados hoje], tem, de acordo com Diogo Serras Lopes, assegurada neste momento a capacidade de resposta, mesmo na região do Tâmega e Vale do Sousa, graças ao funcionamento em rede das unidades de saúde do SNS e à convenção com os privados, em vigor de abril, segundo o responsável, já acionada naquela região.
Foi deste modo, garantindo que "a articulação do SNS com o setor social e privado existe há décadas e mantém-se", que o secretário de Estado respondeu pergunta sobre a polémica instalada nos últimos dias sobre a participação ou não do setor privado na resposta à pandemia de covid-19, quando no Norte as taxas de ocupação de camas em enfermaria atingem já os 89% e em cuidados intensivos os 88, que em Lisboa e Vale do Tejo são de 82 e 84 respetivamente.
"Há capacidade de expansão [na resposta à covid-19] e esta será usada de acordo com as necessidades e a evolução da pandemia", disse, deixando perceber que nesta capacidade de expansão estariam incluídos o setor social e privado.
Sobre o que será discutido em Conselho Nacional de Saúde esta sexta-feira e em Conselho de Ministros extraordinário no sábado amanhã nem uma palavra, a não ser o óbvio: "o que está em cima da mesa é a evolução da pandemia nas últimas semanas e quais as medidas que podemos tomar controlar o crescimento de casos. Não vamos comentar que medidas concretas estão em cima da mesa para a reunião do Conselho de Ministros", disse Diogo Serras Lopes.