O rock épico dos Muse conquista Lisboa

No primeiro de dois concertos há muito esgotados, os britânicos provaram mais uma vez o seu estatuto de superbanda, com um espetáculo visual que por vezes mais se assemelhou a um filme de ficção científica
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Já se sabia que a atual digressão dos Muse era muitos mais que um simples concerto rock, mas os milhares de pessoas que ontem esgotaram por completo o Meo Arena, decerto não esperariam o espetáculo visual apresentado pala banda britânica em Lisboa. Pouco passava das nove e meia da noite, quando as luzes se apagaram, com os músicos a entrarem no palco rotativo, situado a meio do pavilhão, por entre uma espécie de pelotão de um exército futurista, enquanto pelo ar voavam diversas esferas iluminadas e num ecrã passavam mensagens sobre as mortes provocadas pelos drones que dão nome ao último álbum.

Estava dado o mote para uma noite em que a música passou muitas vezes para segundo plano, tal a parafernália tecnológica usada em palco. "Isto mais parece a Fura del Baus", comentava alguém no meio do público, de telemóvel na mão, tentando captar tudo o que se passava, numa imagem repetida um pouco por toda a plateia, nesta altura mais parecida a uma constelação estrelas, iluminada pelo brilho de milhares de pequenos ecrãs. A frase seria de imediato silenciada pelo coro da multidão, mal se ouviram os primeiros acordes de Plug In Baby, um dos êxitos mais antigos ontem ouvidos em Lisboa.

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Se dúvidas houvesse quanto ao atual estatuto da banda no atual panorama rock, elas ficam completamente dissipadas pelo desfilar de êxitos que é hoje um concerto dos Muse. Hinos como Supermassive, Starlight ou Madness são cantadas a plenos pulmões pela multidão de olhos arregalados com a mão cibernética que surge no alto, para tocar, em jeito de marionete, o baixo e a guitarra de Chris Wolstenholme e Matt Bellamy ou com as telas em três dimensões, onde figuras flamejantes replicam os movimentos dos músicos em cima do palco.

Tal como a sua própria música, um concerto dos Muse é também ele feito de um crescendo, que atinge o auge com temas como Time Is Running Out ou Uprising. Um vídeo de manifestantes em confronto com a polícia sublinha uma vez mais a veia política e contestatária da banda, que o sucesso nunca fez esmorecer - "We will be victorious", canta Matt Bellamy, enquanto uma nave negra (em tamanho real) sobrevoa o público, dando uma volta completa ao pavilhão. Sem terem abandonado o palco por uma única vez, despedem-se ao som do épico Knights of Cydonia, provocando mais uma explosão no público, talvez a maior da noite, num dos poucos momentos sem qualquer artifício cénico, a provar que, afinal e mesmo com todos os efeitos especiais, o rock é mesmo o mais importante num concerto dos Muse.

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