O referendo foi o maior tiro no foot

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O futebol deve ser, ainda mais do que a língua inglesa, a mais bem-sucedida exportação mundial da Inglaterra. A FIFA tem 209 países (a ONU: 193). Todos reconhecem o papel fundador da Football Association, a federação inglesa. Ela criou o futebol e deu-lhe as regras que regem hoje todos os jogos oficiais, em Wembley ou num pelado nas ilhas Tonga. Mas, por estes dias, despreza-se a importância inglesa. "É a pior derrota da nossa história", disse, sobre o jogo com a Islândia, o inglês Gary Lineker, antigo bom de bola e ainda bom a fazer frases. Acrescentou ele: "A Inglaterra foi derrotada por um país com mais vulcões do que jogadores profissionais de futebol." Foi uma boutade, frase que não é para ser tomada à letra, serve só para acentuar um estado de alma. A frase tremendista de Lineker vai para lá do futebol, ou melhor, através deste é a metáfora da ruína de um país que escolheu isolar-se, quando soube como nenhum engrandecer com os outros. Mesmo quando o futebol era "e no fim ganha a Alemanha" (frase antiga de Lineker), o campeonato inglês de clubes era o propagandista universal do futebol. Agora, a Premier League será secundarizada. E quanto à língua esperam-se pelo menos empates. Em Bruxelas já se diz: "Levem o inglês convosco." Ora, na UE, nenhum estado, exceto o Reino Unido, declarou o inglês como sua primeira língua. Como diria Lineker e continuando no foot: "O referendo foi o maior tiro no pé da nossa história."

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