O PSD/Madeira não é o PSD nacional
Reconheço que é notável o PSD Madeira ao fim de 50 anos de democracia, vencer eleições ininterruptamente. Porém, dizer-se que foi uma grande vitória vai uma grande distância. Vencedores de Domingo à noite foram o JPP, que passou de 5,47% - 7.830 votos, para 11,03% - 14.933 votos, tinha 3 e passou para 5 deputados. Outro vencedor foi o Chega que conseguiu 8,88% - 12.028 votos e 3 deputados. Por fim o BE e o IL passaram a ter representação parlamentar com 1 deputado.
Consultando os resultados eleitorais de 2019: O PSD teve 39,42% com 56.449 votos - 21 deputados, o CDS/PP 5,76% com 8.246 votos - 3 deputados.
Nestas eleições em 2023: o PSD/CDS tiveram 43,19% e em conjunto 59.399 votos - 23 deputados
A ilação que se retira foi que perderam votos. Separados em 2019 tiveram 64.695 votos - 24 deputados. Agora juntos tiveram 56.449 votos - 23 deputados.
Uma vitória, mas muito "poucochinha" como disse um dia António Costa, em relação a António José Seguro numas eleições pelo resultado do PS.
O que me apraz registar é a atitude de Luís Montenegro desesperadamente querer cavalgar a onda do resultado do PSD Madeira. Luís Montenegro está sedento e sôfrego de mostrar que é melhor do que António Costa e não olha a meios para atingir os seus fins. Começou logo pela sua prestação perante as televisões, em que não tinha a seu lado Miguel Albuquerque. É, evidente a falta de sintonia entre o PSD regional e o PSD nacional.
Já no continente à saída de uma reunião com professores deveria ter-se escusado a falar de outros assuntos que não fosse sobre educação, ambiente nas escolas, falta de professores, carreira docente, etc. A imagem que passa é que essa classe está em segundo lugar e não é respeitada, mas utilizada.
Um futuro primeiro-ministro deve ter em atenção, com muito afinco o que se passa nas escolas e não utilizar o tempo de antena para outros fins. As eleições na Madeira são um assunto exclusivo da Madeira e já tinha dado a sua opinião.
Luís Montenegro tem que parar para reflectir, não pode dizer que um dia não precisará do Chega. Veja-se o que se passa com Alberto Núñez Feijóo, do PP em Espanha, venceu as eleições e não consegue construir uma maioria.
O acordo do PSD Madeira somente com o PAN é um erro, deveria ser alargado ao IL. A maioria do PSD/PP ficará refém do PAN. Basta o PAN mudar de ideias e o governo cai, se tivesse também o IL teria sempre outra opção e uma solução diferente. E, poderia muito bem ter feito um acordo com o JPP e teria muito mais estabilidade, pois tem 5 deputados.
No PSD nacional de Luís Montenegro, o que deveria ser dito é que a realidade da Madeira é diferente do continente e na altura devida se decidirá o que fazer, não tecendo qualquer comentário sobre futuras eleições nacionais. Nota-se que não foi tido nem achado no acordo entre o PSD e o PAN.
Talvez aprender alguma coisinha com António Costa, que sabe muito bem gerir os seus silêncios e tomar as posições que mais lhe convém. Assim o fez com o PCP e BE, tirando um coelho da cartola para governar Portugal.
Luís Montenegro por vezes deve estar calado, cada macaco no seu galho, já tem tantos problemas para resolver: fazer oposição ao governo; escolha de candidatos às europeias; preparar as eleições autárquicas; chamar a si a escolha dos candidatos em Lisboa, Porto e Gaia; acalmar o seu partido.
Deitar mais achas para a fogueira é contraproducente e pode-se queimar de vez.
(Fundador do Clube dos Pensadores)