O professor presidente já tem saudades da faculdade

PSP já protege Marcelo, que foi ontem à sua faculdade. Amanhã preside ao conselho científico, pela última vez. Cinco dias antes da posse vai defender a tese de Diogo Feio do CDS
Publicado a
Atualizado a

Se o jornalismo português fosse, como o italiano, profícuo em cognomes, o de Marcelo Rebelo de Sousa era simples de encontrar: o professor. No primeiro dia como presidente eleito, o futuro chefe de Estado não conseguiu passar sem ir à Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Sem surpresa, ao DN, diz o que mais lhe vai custar na nova vida: "O que mais vou sentir falta é da minha faculdade."

Marcelo já tem desde domingo o Corpo de Segurança Pessoal da PSP a defendê-lo. Ontem a PSP já tinha um agente junto à sua casa de Cascais (ver caixa). Mas neste primeiro dia do resto da vida do professor, Marcelo não facilitou a vida aos polícias: era suposto já andar com motorista e segurança. Porém, Marcelo pegou no seu carro citadino e foi, calmamente, até à Faculdade de Direito, onde foi tratar de burocracias relacionadas com a sua saída.

Marcelo não esteve muitas horas longe da faculdade, uma vez que foi lá que no domingo à noite fez o discurso da vitória, fazendo do seu local de trabalho de anos o quartel-general da noite eleitoral. Para isso pagou 700 euros.

Ontem Marcelo tratou de iniciar o processo de passagem de pastas e preparar a sua saída, pois não quer esperar pelas vésperas da tomada de posse - que acontecerá a 9 de março. "O professor passou o dia a tratar de assuntos burocráticos, não há tempo a perder e ele tinha coisas para resolver na faculdade e na fundação", contou ao DN fonte da equipa que o acompanhou na campanha.

Amanhã Marcelo terá a última reunião como presidente do Conselho Científico da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e, nessa mesma reunião, deverá dar-se início à escolha de um sucessor. Que irá a votos, ao contrário do que acontecia até aqui.

Enquanto foi ontem à faculdade, a PSP fazia vistorias técnicas à sua casa, uma vez que Marcelo Rebelo de Sousa não quer morar em Belém e vai ficar na sua casa de sempre, em Cascais.

Marcelo foi também acompanhado pela SIC, em reportagem sobre o primeiro dia do presidente eleito. E se a manhã foi passada em casa, em Cascais, à tarde - além da faculdade - Marcelo também foi a Paço de Arcos, numa visita à Fundação Casa de Bragança, uma entidade criada por Salazar, que Marcelo preside há três anos com sucesso: contas no positivo, embora o passivo tenha aumentado. Mais uma vez o que motivou a visita foram questões burocráticas. Marcelo - foi dizendo durante a campanha - quer deixar as contas equilibradas e preparar o caminho para o seu sucessor.

À noite, Marcelo aproveitou para descansar e jantar com a família. Ao que o DN apurou, durante o dia Marcelo recebeu telefonemas de várias pessoas a oferecerem-se para colaborarem com o professor em Belém. No entanto, sabe o DN, o futuro Presidente da República só no final de fevereiro/início de março é que vai começar a fazer convites.

Casa civil que espere

Nos últimos dias de campanha, Marcelo confessava que ainda nem sequer tinha pensado quem iria convidar para presidir à casa civil ou à casa militar. "Não quero pôr o carro à frente dos bois", disse.

Como adiantou o Expresso, Marcelo vai escrever um livro sobre a caminhada para Belém, desde que apresentou a candidatura em Celorico de Basto até ao momento em que a terminou, também na terra da sua avó Joaquina. O livro terá fotos do jornalista do Expresso Rui Ochoa, que ficará a cargo da parte fotográfica do livro. De acordo com o Expresso, a obra ainda deverá ser lançada antes da tomada de posse.

O aluno Feio

Até março, Marcelo dedicará então os seus dias a aproveitar liberdade de movimentos - que tanto preza e que já vai sendo limitada - além de terminar os compromissos que tem pendentes na sua vida civil e profissional.

Marcelo vai, aliás, defender a tese de doutoramento do vice-presidente do CDS, Diogo Feio, no dia 4 de março, às 15h00, na Universidade do Porto. Este será um dos últimos atos de Marcelo como professor universitário antes de chegar a Belém. A tese tem como título "Uma História Interminável. Entre a União Europeia e a União Económica e Monetária: O Governo, o Orçamento e os Impostos ".

Presidência de afetos

Logo assim que chegar a Belém, Marcelo já tem uma série de compromissos a que se foi comprometendo durante a campanha. Os eventos vão, certamente, enquadrar-se nas tais "presidências abertas de afetos", em que percorrerá o país ao encontro dos portugueses. Irá igualmente visitar a diáspora e fazer diplomacia fora de portas. Ao estilo de Soares.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt