O primeiro teste. E o último

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A seleção está a um dia de jogar a final do Europeu. A seleção está a um dia de tentar desencravar dez milhões de espinhas atravessadas na garganta há 12 anos. Vá, corram, deem tudo, comam a relva se for preciso, mas sejam a Grécia de 2016. Estraguem a festa aos homens da casa. Façam-nos saltar de alegria, explodir de orgulho. É o adepto que vos pede, não o jornalista.

E se me permitem, agora entra o jornalista em campo. Eufemisticamente, claro, que se dependesse de mim e da minha condição física, a derrota era certa. Eu sei que o que vou dizer é politicamente incorreto. Admito que não seja a altura certa para o dizer, mas que diabo, a direção do DN pediu-me as crónicas para agora, não tenho alternativa. É agora ou nunca.

Por muitos que sejam os méritos desta seleção, por excelente que seja a qualidade dos seus jogadores, por competente que seja o trabalho de Fernando Santos, por mais feliz que seja o resultado amanhã, ainda não podemos falar de uma "seleção heroica". A expressão foi repetida nas parangonas de quinta-feira. Seleção heroica? A semântica não é um pormenor. Tenhamos noção da caminhada que fizemos até aqui. Percebamos o real valor das equipas que eliminámos. Calma, não é uma crítica, é apenas uma constatação. Islândia, Hungria, Polónia, Croácia e País de Gales. Foram estes os nossos adversários. Equipas estimáveis, algumas até muito surpreendentes, jogadores talentosos, abordagens táticas inteligentes, mas, enfim, não são superpotências.

Por um sortilégio dos deuses (aquele golo de Traustason, aos 90"+4 no Islândia-Áustria), fomos atirados para um tão embaraçoso como simpático terceiro lugar no grupo. E esse sortilégio fez-nos passar entre os pingos da chuva, longe do shark tank.

Melhorámos, crescemos, unimo-nos. Mas bem sabemos que o nosso primeiro grande teste é amanhã. E o último. E é para vencer. Para vitórias morais já basta a de 2004...

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