Em julho termina o ano parlamentar e decorre o habitual debate do Estado da Nação. É o momento certo para perguntar se o país está hoje melhor do que estava a 30 de janeiro de 2022, quando o PS obteve a maioria absoluta..Será que está melhor do ponto de vista económico, dos rendimentos e condições de vida das famílias, da prestação e qualidade dos serviços públicos e da própria qualidade da vida política e das instituições?.A resposta é um rotundo não..Do ponto de vista económico, sendo certo que as previsões para 2023 são mais otimistas do que há uns meses, o crescimento assenta sobretudo no efeito de recuperação depois da brutal quebra da economia no período da covid e na subida do turismo e serviços. Mas, ao contrário do que faz o governo, não se justifica um foguetório. No segundo trimestre a economia já iniciou um processo de desaceleração..As famílias suportam cada vez maiores dificuldades. Para a esmagadora maioria dos portugueses, houve uma perda significativa de poder de compra neste último ano e meio, fruto da inflação, do aumento das taxas de juro (as famílias estão cada vez mais pressionadas pelas prestações do crédito à habitação) e do aumento da carga fiscal..Para além das crescentes dificuldades financeiras, os portugueses deparam-se com serviços públicos cada vez menos disponíveis e de pior qualidade. Há hoje um colapso nos serviços do Estado. Na saúde, há cada vez mais portugueses sem médico de família, temos um autêntico caos nas urgências (e o verão agravará a situação) e um aumento das listas de espera das cirurgias e consultas..Na educação, dezenas de milhares de alunos foram afetados pela falta de professores e as greves prejudicaram bastante o ano letivo (isto depois de dois anos de perdas de aprendizagens devido à pandemia)..Nos transportes urbanos, as pessoas têm cada vez pior serviço, demorando mais tempo diariamente no caminho casa-emprego-casa..Na justiça, muitos portugueses não têm um acesso condigno nem decisões céleres, além da impunidade relativamente a alguns..Até na defesa a situação piorou. Os navios não são capazes de cumprir as missões de vigilância no mar e os equipamentos militares estão obsoletos e muitos inoperacionais..Tudo isto apesar de os portugueses pagarem cada vez mais impostos. Só em 2022, em contas nacionais, a arrecadação da receita fiscal aumentou, face a 2021, 9 mil milhões. A carga fiscal bateu um novo recorde. E em 2023 continua a aumentar. Em contabilidade pública, até abril, o aumento da receita fiscal e contributiva foi de 2,5 mil milhões. A previsão no OE-2023 de aumento para a totalidade do ano era de 2,2 mil milhões. Só na receita fiscal o aumento até abril foi de 1,6 mil milhões (a previsão do OE-2023 era de apenas 930 milhões). Ou seja, só em impostos, em quatro meses, o governo já arrecadou mais quase 700 milhões do que o que previa para o ano todo de 2023..Já a despesa de investimento, que no OE-2023 o governo inscreveu um crescimento de 47%, está a aumentar, até abril, uns "míseros" 5,7%..Por último, mas não menos importante, este ano e meio de governo PS de maioria absoluta trouxe uma fortíssima degradação da vida política e um aumento do descrédito das instituições. O caso do SIS e da sua utilização pelo governo para recuperar o portátil do ex-adjunto Frederico Pinheiro foi o mais grave. Mas há toda uma sucessão de escândalos que não podem ser, ao contrário do que faz o primeiro-ministro, desvalorizados. Não são "casos e casinhos". São um sintoma de uma maioria absoluta arrogante, prepotente e, como sempre sucede quando o PS é poder, que trata a coisa pública como se fosse sua..Presidente da bancada parlamentar do PSD