O pico da pandemia já passou? Para o Governo, "parece" que sim
A situação continua a "degradar-se", a incidência é ainda "muito elevada" mas se calhar o pico da pandemia já foi atingido ou está a ser atingido. Isto porque "parece" que se está a "verificar alguma diminuição da velocidade de crescimento" de novos casos de infeção com covid-19, segundo disse ontem a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, ao apresentar as conclusões de mais uma reunião do Conselho de Ministros.
"Se isso indica que nos estamos a aproximar desse pico de contágios, veremos nos próximos dias", acrescentou. "Continuamos naquilo que nas últimas semanas aqui tenho chamado a atenção que é uma corrida contra o tempo entre o processo de vacinação que se vai diariamente alargando e a evolução da pandemia", disse ainda, afirmando que se impõe, por isso, "uma insistência no processo de testagem, de identificação de positivos e do seu isolamento".
Por querer esperar se os sinais se confirmam ou não, o Governo decidiu ontem não decidir nada no que toca à pandemia - exceto aprovar um decreto-lei que permitirá a venda de testes rápidos em supermercados e hipermercados. Tudo o que aconteceu foi a atualização do mapa no que toca aos concelhos em situação de alerta (diminuíram de 34 para 30 numa semana), de risco elevado (passaram de 27 para 43) e de risco muito elevado (de 33 para 47).
Nestes dois últimos níveis de risco (elevado e muito elevado) já se encontram portanto 90 concelhos. Neles o teletrabalho será a regra, haverá recolher obrigatório a partir das 23.00 e serão necessários testes negativos ou certificado digital de vacinação para aceder ao interior dos restaurantes, nos fins de semana.
Para tomar decisões mais profundas, o Governo decidiu esperar pela próxima reunião com peritos no Infarmed, marcada para dia 27. Após essa reunião poderá, por exemplo, ser tomada uma decisão quanto ao recurso do público aos recintos desportivos. "A Direção-Geral da Saúde tem estado a trabalhar num parecer sobre as características e a forma de organizar essa presença. Esse parecer já existe, tem de ser trabalhado, e o Governo decidirá, em função da avaliação da situação epidémica na reunião do próximo dia 27", explicou a ministra.
Na passada sexta-feira, após a Liga Portuguesa de Futebol Profissional ter anunciado que as competições profissionais da época 2021/22 vão começar com a possibilidade de 33% de lotação dos estádios, fonte oficial do Governo disse à Lusa que a decisão ainda não estava tomada.
A época futebolística profissional de 2021/22 arranca com a primeira fase da Taça da Liga, entre 23 de 26 de julho, enquanto os campeonatos da I Liga e da II Liga têm início previsto para 8 de agosto, uma semana depois da disputa da Supertaça Cândido Oliveira, em Aveiro, entre o campeão Sporting e o Sporting de Braga, vencedor da Taça de Portugal, no dia 31 de julho.
Mariana Vieira da Silva salientou ainda que o crescimento do número de internados na última semana foi mais lento do que nas interiores - outro indicador de que o pico desta vaga de verão da pandemia poderá já ter sido atingido ou está prestes a isso.
Segundo afirmou, o número geral de doentes internados com covid aumentou 19 por cento (e 18 por cento nos cuidados intensivos). Porém, segundo salientou, no que respeita a este indicador, o país mantém-se abaixo das linhas vermelhas definidas no início do processo de desconfinamento, sendo que o crescimento registado é "mais lento do que o do número de casos".
"Não antevemos nas próximas semanas dificuldades específicas. O que entendemos é que é necessário continuar a conter o avanço da pandemia para poder prosseguir o processo de vacinação e essa é a nossa principal prioridade", afirmou ainda a ministra, sobre o SNS.
Ontem, o ministério da Saúde anunciou que já foram administradas em Portugal continental dez milhões de vacinas.
O número de concelhos em alerta - concelhos que na próxima semana poderão ver as suas medidas de confinamento agravadas se ali a pandemia continuar a progredir - diminuiu de 34 para 30. Eis o respetivo mapa.
O número de concelhos em situação de risco elevado subiu de 27 para 43. Eis o respetivo mapa e as medidas a que estão sujeitos.
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O número de concelhos em situação de risco muito elevado aumentou de 33 para 47. Eis o respetivo mapa e as medidas a que estão sujeitos.
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