"O Papa comeu tudo e fez-me sinal de que estava bom"

O <em>chef</em> Vítor Sobral criou um menu, supostamente simples, mas que satisfez o gosto do Santo Padre e mostrou o que a gastronomia portuguesa tem de melhor.
Publicado a
Atualizado a

Reconhecido pelo talento de interpretar e modernizar os pratos tipicamente portugueses, o chef Vítor Sobral é uma das maiores referências na gastronomia nacional.

Com 36 anos de experiência, é proprietário de vários restaurantes em Lisboa e Cascais. Conta ainda com um projeto no Brasil, a Tasca da Esquina, eleito como o melhor restaurante português naquele país. Como chef consultor gastronómico da TAP, foi escolhido para confecionar um menu especial para o Papa Francisco, que foi servido durante a viagem de regresso ao Vaticano, no passado dia 6 de agosto.

Existirá um sentimento diferente quando se cozinha para o líder da Igreja Católica? Em conversa com o DN, o chef relata a sua experiência: "Sabemos que estamos a fazer um trabalho que está a ser escrutinado por uma série de pessoas, principalmente pelo Papa. Há aquele misticismo todo e aquela energia que se sente, é uma proximidade que se cria, estamos apenas a trinta ou quarenta centímetros do Papa. Tudo isto é uma grande emoção e é uma experiência que por mais vezes que se tenha, é sempre diferente."

Sem limites à criatividade, a preocupação foi garantir uma refeição adequada para servir naquele horário e naquela circunstância, considerando a qualidade e apresentação dos produtos, descreveu o chef português.

Em 2017, já tinha servido o Papa Francisco durante a sua visita como peregrino ao Santuário de Fátima. Antes, em 2010, cozinhou para o anterior Papa, Ratzinger. "Cozinhei uma vez para o Papa Bento XVI e duas vezes para o Papa Francisco. Os menus são sempre muito idênticos, mas na primeira vez existiram uns divertimentos de boca. Os queijos e os enchidos, que caracterizam a gastronomia portuguesa estão sempre presentes", acrescentou.

Depois do sucesso da Jornada Mundial da Juventude, era crucial assegurar que o Santo Padre iria levar boas recordações de Portugal. O chef não recebeu um agradecimento em palavras, mas uma reação positiva: "O feedback que obtive foi visual, foi olhar para o tabuleiro e ver que o Papa provou e comeu tudo. Fez-me sinal de que estava tudo bom."

"Sempre que há um evento deste género, uma visita papal, existe uma preparação prévia. Há um trabalho que envolve toda uma equipa e um protocolo do Vaticano", destacou Vítor Sobral. "O legado desta Jornada é a possibilidade das pessoas conviverem pacificamente entre si. Não sou católico praticante, mas acredito na igreja e na sua capacidade para aproximar as pessoas e trazer uma onda de paz", concluiu, com esperança, Vítor Sobral.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt