Como recriar uma situação verídica de horror sem cair no simplismo ilustrativo? Kathryn Bigelow responde com Detroit, este filme que retrata a América racial através dos tumultos que ocorreram na cidade em 1967.
A cineasta começa por jogar precisamente com esse sentido da ilustração, ao fazer um preâmbulo animado, a partir de quadros de Jacob Lawrence sobre a migração interna dos afro-americanos.
Imagens que dão lugar às linhas duras da realidade, afunilando do contexto geral dos motins para o violentíssimo episódio de ação policial que decorreu no Motel Algiers. Bigelow leva-nos ao ventre da circunstância, torna física a passagem do tempo e promove um foco visceral, sem incorrer em supérfluas elaborações dramáticas.
Resultando novamente de um trabalho conjunto com o argumentista Mark Boal, este é um justo e esmagador objeto de cinema.
Classificação: **** (Muito bom)