O Natal possível num mundo entre a guerra e a paz

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A noite de Natal chegou pontualmente no dia 24 aos quatro cantos do planeta. Da gélida Europa do Norte ao calor das praias da América do Sul e da Austrália, cristãos de todo o mundo reuniram-se mais uma vez para cumprir a tradição. Num ano em que o Papa João Paulo II elegeu a paz como tema da sua homilia, no Iraque e na Indonésia as comemorações natalícias foram marcadas pelo medo de atentados. Na China, as poucas igrejas encheram-se de curiosos.

«Não sou crente, mas vim cá para sentir a atmosfera. Quero perceber melhor esta festa cristã. Estou muito curioso», explicou à AFP o chinês Yan Zhilong, 23 anos, à porta de uma igreja em Pequim, sobrelotada com 1700 pessoas. Apesar dos esforços do governo para promover o ateísmo, as igrejas oficiais abriram excepcionalmente a 24 e 25 e foram milhares os chineses que responderam ao apelo da festa, popularizada nas imagens e músicas vindas do ocidente.

Várias foram as zonas do mundo em que a festa se fez sob o signo do medo. Debaixo de uma segurança redobrada, os soldados americanos no Iraque reuniram-se para fazerem as suas preces na igreja da Virgem Maria, em Bagdad, depois de o portão do edifício ser reforçado com barreiras de aço para evitar que carros-bomba se aproximassem. De Washington, o presidente George W. Bush dirigiu-lhes uma palavra especial de boas festas e, de Londres, chegou uma mensagem de «orgulho pela coragem» das tropas inglesas pelo mundo, proferida pela rainha Isabel II de Inglaterra. Contudo, muitas das cerimónias religiosas da noite de Natal foram canceladas ou antecipadas para antes do anoitecer. Em várias igrejas, os padres acabaram por encher de palavras salas quase vazias de pessoas.

No seu discurso televisivo, o Rei Juan Carlos de Espanha lembrou os atentados de 11 de Março e prestou o seu tributo às vítimas da Atocha.

Também na Indonésia, o maior país muçulmano do mundo, os cristãos acorreram às igrejas em grande número, apesar do ataque de sexta-feira e do medo da violência islamita, reforçado por avisos de prováveis atentados de terroristas com ligações à Al Quaeda.

Nas Filipinas, devastadas pela tempestade de há um mês, os sobreviventes tentaram manter o espírito de Natal vivo, apesar de a tragédia estar ainda bem presente nas suas memórias.

Apesar de serem apenas dois por cento de uma população maioritariamente hindu, os indianos cristãos não fugiram às celebrações natalícias que se realizaram por todo o país.

Já na Austrália, o Natal foi comemorado ao sol das praias, com biquinis vermelhos, e o mesmo cenário foi vivido pelos franceses de Tourlaville. Na Roménia, os cristãos ortodoxos mantêm a festa acesa durante três dias.

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