O mundo aprovou: Axl Rose é a nova voz dos AC/DC

As redes sociais e os jornais encheram-se de selos de aprovação à nova formação da banda, que se mostrou ontem em concerto no Passeio Marítimo de Algés
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Às vezes consultar as redes sociais assemelha-se a falar numa terça e, depois, numa quinta com alguém que sofra um distúrbio de personalidade. E se no dia 17 de abril, quando o nome de Axl Rose foi anunciado como o vocalista dos AC/DC para a digressão que começou no sábado no Passeio Marítimo de Algés, os fãs da banda australiana "vociferavam" em fúria contra a decisão, durante e depois do concerto em Lisboa tudo mudou. Os fãs dos AC/DC (60 mil deles estavam no concerto) aprovaram Rose, cantaram com ele, e espalharam as imagens e o som do primeiro concerto da digressão Rock or Bust pelo mundo inteiro.

Mas muito desse mundo veio mesmo a Lisboa ver como se saía o mítico vocalista dos Guns N" Roses como substituto de Brian Johnson, que em março deixou a banda depois de ter sido avisado pelos médicos de que corria sérios riscos de perder completamente a audição. Pois bem, Axl Rose passou no teste com distinção e conseguiu assim aquilo por que ansiava: "Passar o primeiro concerto sem ser despedido!", conforme disse à americana NME. Recorde-se que foi o músico que se ofereceu aos AC/DC para tomar o lugar que no sábado lhe foi destinado no palco encimado pelos habituais cornichos da banda.

Michael Hann, do jornal britânico The Guardian, notou que o "triunfo de Axl Rose deu-se quando este interpretava canções que os AC/DC escreveram e gravaram quando [Bon] Scott estava vivo". A razão? Rose está "familiarizado" com uma certa "malevolência e misantropia" transmitida pelo vocalista dos AC/DC que morreu em 1980, sendo depois substituído por Johnson logo no álbum Back in Black. Canções como Dirty Deeds Done Dirt Cheap ou High Voltage terão feito, então, parte do reportório que o novo vocalista dos AC/DC terá interpretado "de forma perfeita" e numa voz "brilhante", conforme escrevia Hann.

No momento em que um grupo por entre a plateia começou a gritar em uníssono "Axl! Axl!", o vocalista que naquela noite ocupou um "trono" no palco, devido ao seu pé partido, respondeu: "Eu sei o que querem dizer. Vocês querem dizer "Angus!, Angus!"" Axl referia-se, claro, a Angus Young, o guitarrista que, com o baixista Cliff Williams, é o único sobrevivente da formação original dos AC/DC, de 1973. Para trás ficaram, além de Scott, Malcolm Young, a quem em 2014 foi diagnosticada demência, e Phil Rudd, que deixou a banda depois de ser condenado por posse de droga e ameaças de morte.

"Ninguém em Lisboa se importou nem por um momento por aquilo que estavam a testemunhar ser considerado uma atrocidade pelos fãs die hard da banda", concluiu Kevin Raub, enviado a Lisboa da revista americana Billboard. No fim, Raub alvitra que a formação "Axl/DC kinda rocks", o que, admitamos, é bem mais do que dizer simplesmente que resulta. "Axl/ /DC" cumprirá outras 11 datas na Europa - a próxima amanhã, em Sevilha - e outras dez nos EUA (ainda sem data).

Como ele, Mark Sutherland, da também revista americana Rolling Stone, afirmava que "o concerto de Lisboa mostrou que a nova formação tem potencial para ser um dos sucessos do verão". Angus Young bem avisou que os milhares de pessoas que devolveram os seus bilhetes para concertos da digressão (em Portugal não é conhecido o número de devoluções) iriam "perder uma grande noite". E Axl Rose não foi despedido.

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