O mistério do momento: onde está Juan Carlos?

Azeitão, Estoril, República Dominicana ou nenhum dos anteriores. Na ilha das Caraíbas desmente-se que o rei emérito tenha entrado. Por cá, silêncio.
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O anúncio de Juan Carlos da sua "saída", "abandono" ou "fuga" de Espanha, consoante o ponto de vista, apanhou de surpresa os meios de comunicação do país vizinho. Perante uma comunicação oficial que se ficou pela curta carta enviada ao filho muitas foram as interrogações levantadas, entre as quais, para onde foi o rei emérito?

Segundo o El Confidencial, que cita fontes próximas da família real, Juan Carlos saiu de Espanha de automóvel e estará em Azeitão, no distrito de Setúbal, mais concretamente na Quinta do Peru. Propriedade adquirida nos anos 40 pela família Espírito Santo, passou para o casal João Brito e Cunha e Ana Filipa Espírito Santo, entretanto falecida.

João Brito e Cunha, nascido em Cascais em 1938, no mesmo ano de Juan Carlos, é amigo de longa data do rei emérito. Usa o título nobiliárquico de segundo conde de Portugal de Faria e é pai das atrizes Ana Brito e Cunha e Patrícia Brito e Cunha.

O DN questionou o Ministério dos Negócios Estrangeiros se recebeu alguma informação sobre a presença do ex-chefe de Estado em território nacional, mas a assessora do ministro Augusto Santos Silva disse apenas que não presta qualquer declaração sobre o assunto.

O OKDiario, que em conjunto com o El Español revelou gravações que se vieram a revelar explosivas, noticiou ontem que o destino provável de Juan Carlos era a República Dominicana, onde outro grande amigo, o bilionário do açúcar Pepe Fanjul tem uma propriedade onde o antigo monarca já passou férias.

Ontem, a TVI noticiou que Juan Carlos estaria de volta ao concelho de Cascais, onde viveu durante parte da infância e juventude, na casa dos pais, no Estoril.

Já hoje, o ABC dá como certo que Juan Carlos apanhou um avião no Aeroporto Sá Carneiro, no Porto, com destino a Santo Domingo (Rep. Dominicana), numa viagem via Sanxenxo (Galiza).

Porém, à AFP, o Ministério dos Negócios Estrangeiros daquele país das Caraíbas disse não ter "qualquer informação" sobre Juan Carlos se encontrar na ilha.

Já a porta-voz do serviço de imigração, Mariela Caamano, disse que não tinha "entrado no território do país, ao contrário de certas declarações que indicam que chegou cedo na terça-feira". Caamano acrescentou que Juan Carlos esteve na República Dominicana pela última vez de 28 de fevereiro a 2 de março deste ano.

Segundo ainda o El Confidencial, Juan Carlos avisou no fim de semana o círculo mais próximo de amigos da decisão tomada, e que terá resultado de uma decisão tomada pelo filho, rei Felipe VI, em face ao avolumar do escândalo em que está envolvido.

De acordo com o OKDiario, o rei já havia comunicado a decisão da saída do pai ao primeiro-ministro Pedro Sánchez na semana passada. Hoje, em conferência de imprensa, o governante socialista disse que não se julgam instituições, mas pessoas, saindo em defesa do pacto de regime, e afirmou desconhecer o destino que tomou Juan Carlos.

O balanço da gestão política do escândalo ainda está por fazer, com a Unidas Podemos, parceiro na coligação governamental, a mostrar-se surpreendido e indignado com a "fuga" de Juan Carlos e hoje a comentarem a reação de Sánchez de "dececionante".

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