"O meu Aylan morreu para nada"

Pai de Aylan deu uma entrevista emotiva em que critica a ação dos países que não aceitam refugiados e lamenta a situação que os migrantes ainda vivem
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"O mundo chorou pelo meu Aylan. De seguida, foram só palavras e muros para aqueles que fogem", afirma Abdullah Kurdi. Para o pai do menino de t-shirt vermelha e calças azuis que morreu a tentar chegar à Europa, a imagem chocou o mundo, mas não foi suficiente.

Meses depois de Aylan, de três anos, ter morrido afogado, Abdullah, deu uma entrevista em que se mostra muito dececionado com a situação que os refugiados ainda enfrentam.

"A imagem do meu filho na praia é um símbolo, mas nada mudou para aqueles que fogem da fome e do medo", lamentou Abdullah, numa entrevista ao jornal italiano La Reppublica . "As crianças refugiadas continuam a morrer afogadas todos os dias e a guerra na Síria não parou".

Abdullah Kurdi perdeu a mulher e dois filhos no naufrágio de uma embarcação de refugiados, enquanto tentavam chegar às ilhas gregas. Uma fotografia do filho morto foi publicada e partilhada milhares de vezes nos jornais e nas redes sociais, como exemplo do sofrimento a que os refugiados se sujeitam para conseguirem chegar à Europa.

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Meses depois, Abdullah afirma que a morte do filho, que poderia ter servido para impedir que muitos outros passassem pelo mesmo, foi inútil. "O meu Aylan morreu para nada. Pouco mudou", afirmou."Eu vejo países a construir paredes e outros que não nos querem aceitar", continuou o sírio.

O número de naufrágios de embarcações de migrantes nos últimos meses faz do ano de 2016 o mais mortal de sempre para os refugiados que tentam atravessar o Mediterrâneo. Só este ano morreram 2.510 pessoas, mais do que as 1.855 que morreram entre janeiro e maio de 2015.

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Desde 2014, morreram afogadas mais de oito mil pessoas, segundo a Reuters.

Uma outra fotografia de uma criança refugiada morta está a circular pelas redes sociais. Foi publicada esta segunda-feira por uma organização humanitária para sensibilizar o público. A fotografia foi tirada no dia 27 de maio, quando um bebé de um ano foi resgatado sem vida do mar, de acordo com a Reuters. A criança não foi identificada e é já chamada de Aylan nas redes sociais.

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A criança morreu na costa da Itália, quando o barco onde viajavam virou. Morreram 45 pessoas.

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